Muitas vezes me pego pensando como a minha e também a
percepção das outras pessoas em relação aos fatos e as coisas da vida vão
mudando, melhorando ou piorando, com o passar dos anos. O dia de Domingo por exemplo,
na minha infância tinha um gosto de frango assado em casa é claro, pois ainda
não era muito comum o chamado “frango de televisão de cachorro” (daquelas
máquinas de assar frango que normalmente ficam com uma das frentes para fora da
loja e os cachorros ficam olhando e se comportam como se estivessem salivando o
gosto do frango ali exposto), pois como se consumia muita carne durante a
semana, neste dia era natural que a preferência recaísse sobre o elemento
penoso mais famoso entre nós. Dia de poder acordar um pouco mais tarde, para os
outros imagino, pois para mim nunca funcionou, meu relógio biológico jamais
permitiu.
A reunião junto à mesa do almoço de domingo, bem essa era
sagrada, afinal se nos fosse possível nascer com pelo menos metade da
maturidade que adquirimos durante a nossa vida, com certeza poderíamos aproveitar
melhor esses momentos tão mágicos, dos quais só nos damos conta muito tempo
depois, do seu grau de importância e significado em nossas vidas. O tempo vai
passando, vamos ganhando “ossatura”, tempo de vida, vamos “engrossando o coro e
o espírito”, se melhoramos ou pioramos, essa não é questão principal, apenas
vamos adquirindo outros hábitos, conhecendo outras pessoas e lugares, novos
interesses surgem e aquilo que era uma regra a princípio, passa a ser um ligeiro
entrave às diversas opções ora surgidas. Há a novidade do clube social e suas
tentações, os aniversários e reuniões advindas dos novos amigos e conhecidos,
enfim uma série de novas programações que acabam esvaziando o famoso almoço
dominical. É o que é.
A vida vai evoluindo, será mesmo?. Eis que começa a se
desenhar um novo braço dessa comunidade, digo melhor, entra nesse contexto
alguém de fora completamente alheio a mesma, mas que a princípio apresenta uma séria
predisposição para se inserir nesse núcleo. E mesmo durante o processo de
inserção e até o momento em que essa se consolida, é possível vislumbrar uma
ruptura ainda mais drástica dessa malha social, pois esses domingos agora serão
divididos com um novo conjunto de pessoas com idéias e costumes diversos, oriundas
é claro desse novo integrante, que não por acaso tem uma nova sede (casa), o
que por si só já é um elemento de descentralização, enfim são novas situações e
fatores que precisam ser administrados sempre com muita sabedoria.
Na verdade o ciclo da vida vai se desenhando ainda mais intrigante
e então surgem os resultados dessas novas alianças, os netos. Pra falar a
verdade acho que é nesse momento que o domingo começa a recuperar o seu
significado inicial, recebendo o reforço, e que reforço, dos laços que unem
avós e netos, mas também se deve considerar ainda que os filhos também são
responsáveis por uma considerável dose de reforço nesse processo, na medida em
que ao se tornarem PAIS, passam a entender com muito mais propriedade a
magnitude da instituição família, conseguindo verdadeiramente entender a
grandeza do que é ser PAI e ser MÃE e do papel, a importância e da simbologia do
domingo nessa “ENGENHOCA TODA”.
Hoje diante dos meus 53 anos, tenho a felicidade de poder
dizer que minhas filhas, com 19 e 21 anos, ainda me acompanham nos almoços de domingo
na casa dos meus pais, e o que me deixa ainda mais contente é constatar que
elas realmente gostam desse convívio, que considero tão salutar. É bem verdade
que a minha não tão antiga condição de diabético não me permite abusar das
guloseimas próprias da casa da MAMÃE, como outrora, (só para não sair do riscado,
os doces são mais fáceis de controlar, a exceção do AÇAI que agora deve ser
consumido sem o açúcar e preferencialmente sem a farinha dá’gua, já os salgados,
principalmente os carboidratos, o arroz e do macarrão, é onde a “casa cai”, e a
tarefa é bem mais complicada), e nesse caso devo confessar que alguns pecados
eu acabo cometendo, isso quando consigo burlar a fiscalização das minhas
adoradas filhas e esposa, é claro. Brincadeiras a parte, esses momentos são
muito preciosos, e todos nós deveríamos valorizar e verdadeiramente aproveitá-los em sua plenitude. Salve o Domingão, desde que seja
sem o Faustão, kkkkkkk!
Rodolfo S Cerveira
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