domingo, 8 de janeiro de 2017

O DESPERTAR DA PAIXÃO PELO DOCE, PELA SOBREMESA



Desde a infância sempre dei bem mais importância aos salgados (salgadinho propriamente dito, em geral e aos pratos de comida comum - que segundo os cientistas, são considerados alimentos salgados), já os doces eram relegados a um segundo plano, na verdade quase sempre eram preteridos, pois quase sempre o processo de saciedade alimentar era alcançado através do consumo do salgado. É bem verdade que é a exceção a essa regra era o bendito chocolate, pelo qual sempre nutri uma paixão incontrolável e sempre fui capaz de cometer exageros bastante condenáveis. Mas convenhamos, qual é o ser humano (principalmente na sua infância e adolescência), que não é ou nem nunca foi um apreciador do chamado ouro branco, o CHOCOLATE, com toda a certeza o grupo de pessoas que não comungam desse prazer é muito seleto.

O tempo foi passando, fui adquirindo mais experiência e conhecimento inclusive no mundo gastronômico, na verdade no “departamento” do comer bem (sempre na qualidade de um bom garfo, é claro), e segundo algumas pessoas conhecidas que trabalham nessa área, meu paladar foi se modificando, foi melhorando, por que não dizer se aperfeiçoando. Pra falar a verdade não sei se concordo integralmente com essa afirmação, mas em parte devo admitir que novos hábitos e gostos foram agregados a minha DOCE rotina, a minha não tão doce vida, até então.

Mas o fato é que depois dos 35 anos, já com uma vida bastante sedentária, principalmente se comparada às duas primeiras décadas de minha existência, que foram bem nutridas de exercícios físicos, confesso que comecei a sentir a necessidade de logo após a refeição principal do dia (o almoço - que tinha como base os salgados) ingerir algo da cadeia alimentar dos doces, e foi nesse período que a chamada sobremesa adquiriu um lugar de destaque no meu mundo comensal. Nossa que chiquê!

O engraçado é o que a minha esposa me diz, que na verdade “isso é o resultado da idade, da chegada da maturidade, pra não esculachar de vez e falar é a PVC (Porra da velhice chegando) que convenhamos é inevitável e com absoluta certeza é algo que não podemos mudar. Brincadeiras à parte, não há como negar que a idade nos remete a alguns gostos e manias bem diferentes dos tempos de outrora, mas daí atribuir integralmente a isso tal fato, acho um exagero.

Na real, o fato inconteste é que depois de aprender, seja lá por que motivo, a admirar uma boa porção de doce e ser privado deste prazer por uma PRAGA como o diabetes é realmente uma dolorosa realidade. Que infelizmente não pode e nem deve ser ignorada, menosprezada, sob pena de pagarmos um preço muito alto pela digamos “traquinagem”, afinal estamos falando da vida, na verdade do bem viver, do viver com qualidade. “C’est la vie” (é a vida).


Rodolfo S Cerveira

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