Desde a infância sempre dei bem mais importância aos
salgados (salgadinho propriamente dito, em geral e aos pratos de comida comum -
que segundo os cientistas, são considerados alimentos salgados), já os doces
eram relegados a um segundo plano, na verdade quase sempre eram preteridos, pois
quase sempre o processo de saciedade alimentar era alcançado através do consumo
do salgado. É bem verdade que é a exceção a essa regra era o bendito chocolate,
pelo qual sempre nutri uma paixão incontrolável e sempre fui capaz de cometer
exageros bastante condenáveis. Mas convenhamos, qual é o ser humano (principalmente
na sua infância e adolescência), que não é ou nem nunca foi um apreciador do chamado
ouro branco, o CHOCOLATE, com toda a certeza o grupo de pessoas que não comungam
desse prazer é muito seleto.
O tempo foi passando, fui adquirindo mais experiência e conhecimento
inclusive no mundo gastronômico, na verdade no “departamento” do comer bem (sempre
na qualidade de um bom garfo, é claro), e segundo algumas pessoas conhecidas que
trabalham nessa área, meu paladar foi se modificando, foi melhorando, por que
não dizer se aperfeiçoando. Pra falar a verdade não sei se concordo
integralmente com essa afirmação, mas em parte devo admitir que novos hábitos e
gostos foram agregados a minha DOCE rotina, a minha não tão doce vida, até
então.
Mas o fato é que depois dos 35 anos, já com uma vida
bastante sedentária, principalmente se comparada às duas primeiras décadas de
minha existência, que foram bem nutridas de exercícios
físicos, confesso que comecei a sentir a necessidade de logo após a refeição principal
do dia (o almoço - que tinha como base os salgados) ingerir algo da cadeia
alimentar dos doces, e foi nesse período que a chamada sobremesa adquiriu um
lugar de destaque no meu mundo comensal. Nossa que chiquê!
O engraçado é o que a minha esposa me diz, que na verdade
“isso é o resultado da idade, da chegada da maturidade, pra não esculachar de
vez e falar é a PVC (Porra da velhice chegando) que convenhamos é inevitável e com
absoluta certeza é algo que não podemos mudar. Brincadeiras à parte, não há
como negar que a idade nos remete a alguns gostos e manias bem diferentes dos
tempos de outrora, mas daí atribuir integralmente a isso tal fato, acho um
exagero.
Na real, o fato inconteste é que depois de aprender, seja
lá por que motivo, a admirar uma boa porção de doce e ser privado deste prazer por
uma PRAGA como o diabetes é realmente uma dolorosa realidade. Que infelizmente
não pode e nem deve ser ignorada, menosprezada, sob pena de pagarmos um preço
muito alto pela digamos “traquinagem”, afinal estamos falando da vida, na
verdade do bem viver, do viver com qualidade. “C’est la vie” (é a vida).
Rodolfo S Cerveira
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