sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

AMARGA ILUSÃO DA MINHA DOCE VIDA


Nos primeiros tempos do VIVER COM O DIABETES, o sujeito se comporta de maneira bastante séria, comprometida, compenetrada, levando a dieta a sério, fazendo exercícios, enfim seguindo as prescrições e orientações médicas à risca. Mas, aí vem a porra do MAS, sempre ele, mas de vez em quando como ele é um comilão por natureza, ele chuta o “pau da barraca” e come um chocolatezinho, um docinho, toma um refrigerante, come um salgadinho na lanchonete do shopping, no meu caso em particular toma um belo suco de maracujá (com açúcar, afinal suco de maracujá com adoçante não dá, não mesmo, alias era algo que eu fazia quase todos os dias, para dormir melhor, afinal maracujá acalma, será mesmo? Gostoso eu tenho certeza que é). E a porra da GLICOSE desanda e volta a subir, bate os 143,159. Até aí tudo bem afinal basta uma semana, quinze dias de um regime forçado e tudo volta aos níveis desejados. Ufa! E a vida segue sem grandes transtornos.

Acontece que depois do terceiro ano (isso deve variar de pessoa para pessoa, no meu caso aconteceu neste período, blza) a capacidade do sujeito de recuperar os níveis desejados e aceitáveis de glicose vai diminuindo e ele vai percebendo que essas ESTRIPULIAS vão se tornando muito caras, pois deixam um rastro de problemas cada vez maior, e com o passar do tempo esse processo vai se intensificando ainda mais, e em cada episódio ele tem mais dificuldade para voltar a situação inicial (dita ideal de 100 a 110 de glicose, pois segundo a maioria dos médicos para o diabético o limite de normalidade é 110 e não os 100 das demais pessoas NORMAIS ou como diria um velho professor nas CNTP – Condições Normais de Temperatura e Pressão). 

Até que o sujeito percebe que não há como voltar a situação inicial (normal, ideal), sem uma atitude drástica, ou seja, tornar-se quase um monge budista com físico de um corredor de maratonista, em face da considerável carga de exercícios (brincadeiras à parte, mas a coisa é muito séria mesmo), a outra opção que lhe resta é começar a fazer uso de medicação específica para ajudar nesse controle. Aqui vale um apêndice bem rapidinho, até esse momento eu só tomava o remédio considerado o mais fraquinho, o glifage 750 XR, uma vez ao dia.

Então partiu endocrinologista, (espaço para mais um pequeno parêntese, depois das duas primeiras consultas com esse profissional na época em que eu recebi o diagnóstico do DIABETES, eu passou 2 anos e meio sem ir ao Endocrinologista, mas enfim), a consulta rolando e sua médica, na verdade no retorno e já com exames solicitados por ela em mãos, deu-lhe a explicação técnica daquilo que ele próprio pode identificar e comprovar na idas e vindas do seu novo viver com diabetes, que em síntese significava a queda da sua resistência a doença e todas as consequências advindas desse fato, afinal para quem já foi um atleta (tudo bem já faz um bom tempo), nunca fez uso de remédios de forma regular, e nunca teve nenhuma doença mais grave, digerir e aceitar que a PORRA dessa doença esta te FERRANDO um pouco mais a cada dia, não é algo muito animador, mas vamos lá.

Resultado prático da consulta, aumento da dosagem do Glifage e introdução de uma outra medicação para eliminar o açúcar do organismo. A partir daí o acompanhamento com a Endocrinologista passaria a ser trimestral. É a vida senhores, é bonita e é bonita, como diria o poeta.

Só para esclarecer, apesar de estar falando de mim mesmo, ou seja, o texto acima foi produzido SIM com base na minha história de vida, entretanto resolvi fazê-lo em terceira pessoa, falando sempre em relação ao sujeito, para tentar demonstrar que o sujeito no caso é o DIABÉTICO, e que por conseguinte tem características que podem ser vistas em qualquer outra pessoa que por ventura esteja na mesma situação, blza.

Rodolfo S Cerveira

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