quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A ENORME SOLIDÃO DE UM DOENTE CRÔNICO




Quando digo que um doente crônico está rigorosamente só no universo de sua própria SOLIDÃO, pode parecer uma reles figura de linguagem, mas de fato não é. Na verdade não estou me referindo a solidão espacial, de proximidade corporal e até mesmo espiritual, afinal ele normalmente tem o amor e o apoio da família e dos amigos, mas efetivamente de algo que só ele pode mensurar, pois como diz o ditado “ninguém pode sentir a dor do outro”, logo ninguém pode saber o que esse indivíduo sente, senão ele mesmo. Isso pode parecer loucura, devaneio, mas rigorosamente não é. No momento em que você ocupa outro papel neste “organograma humano”, ou seja, quando o doente está do outro lado, você tende a se comportar como um observador voraz e sabedor pleno das verdades que podem solucionar as questões mais emblemáticas da vida dele, e aqui faço um parêntese (isso já aconteceu comigo, mesmo que inconscientemente). Agora quando a moléstia de ambos é a mesma, então nesse caso o olhar do observador antes na posição pragmática de um juiz, assume uma posição mais maleável, quase que desnudada de pré-conceitos, de um possível companheiro de jornada, e nesse caso a compreensão mútua poderá ser plenamente atingida, só bastando para isso que a boa vontade de ambos aflore naturalmente.

Convenhamos falar é muito mais fácil do que fazer, assim como é bem mais fácil resolver o problema dos outros do que o nosso, e acredito que isso seja uma verdade quase que absoluta, pois quando o nosso olhar é focado somente na racionalidade, desvinculado das emoções fica muito mais viável a solução dos nossos problemas.
Por que será então que o ser humano consegue criar tamanha complicação no momento em que precisa lidar com as suas dificuldades de relacionamento interpessoais e intrapessoais. E o que dizer então quando ele tem que lidar com o desconhecido, com o improvável, com o imponderável.

Para encerrar a presente resenha, me sinto na obrigação de esclarecer alguns pontos que penso serem fundamentais para o perfeito entendimento da filosofia deste BLOG:

1 – O objetivo deste blog é dividir com você as agruras e desventuras da vida de um doente crônico, de um diabético. A partir de sua observação, sensibilidade e visão particular do mundo, através de uma linguagem simples e descompromissada, sempre mantendo uma relativa distância dos formalismos próprios dos textos acadêmicos e ou científicos;

2 – Em nenhum momento me coloquei e jamais terei a pretensão de achar que poderei ser um modelo ou exemplo de alguma coisa, afinal sou apenas um ser humano como outro qualquer que tem inúmeras falhas, medos, aflições e inconsistências, mas que também pode bater no peito e dizer que tem uma virtude da qual se orgulha muito, jamais escamoteei ou encobri alguma dificuldade ou limitação das demais pessoas e principalmente de mim mesmo;

3 – “O dono da verdade”, isso é algo que tenho certeza que não existe, logo é uma mancha que absolutamente não carrego em minha personalidade, além do que posso dizer que a vida vem me ensinando que nem dono da minha própria verdade eu consigo ser;

4 – Mesmo estando, com a graça de Deus, com as minhas taxas e demais indicadores médicos em níveis controlados, e também considerando a devida ajuda dos remédios referendados pelo meu médico, não posso deixar de me incluir entre os mais necessitados de aprimoramento no processo de auto conhecimento e auto controle das intempéries que assolam um indivíduo portador de uma moléstia crônica. “C’est la vie” (é a vida)

Rodolfo S Cerveira.


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