A noção da passagem do tempo
é algo bastante instigante, desconcertante e excessivamente própria de cada ser
humano, ou seja, cada um de nós tem uma percepção diferenciada dos aspectos,
das condicionantes e das conseqüências desta tão fadada condição de nossa
existência. Na minha modesta opinião a palavra mágica nesta questão é
REFERENCIAL, explico melhor, no desenrolar da minha não tão breve vida, aprendi
que tudo, rigorosamente tudo o que pensamos e o que fazemos tem enfoques,
solicitações e respostas diversas, só dependendo do modo como são examinadas,
do referencial utilizado para tal observação e portanto é preciso estar atento
a esse não tão misero detalhe assim, para poder entender melhor os mistérios do
nosso EU interior, das nossas verdades mais recôndidas.
Para exemplificar melhor
esta questão, peço permissão a você para citar alguns fatos da minha vida em
particular que talvez possam te ajudar a entender o pensamento que foi exposto
no parágrafo anterior. Quando eu tinha 15 anos e olhava para uma mulher bonita de
28, 30 anos, o primeiro pensamento corrente era o seguinte: nossa! essa “coroa
é bonita”. O tempo foi passando e aos 25 anos, em situação análoga a anterior a
idade da pessoa admirada passou para 40, 45. Hoje com 53 anos com certeza essa
idade avançou um tanto mais, porém com uma velocidade menor, ou seja, a
distância entre a minha e a da outra pessoa já não é mais da mesma magnitude.
Logo o único fator que mudou foi o meu referencial, concorda?
Por outro lado devo admitir que
ainda não consigo entronizar os 53 anos, não me sinto com a idade que tenho, é
lógico que não há como negar o peso e as conseqüências dos anos em minhas
costas, pois muitas atividades já não faço com a mesma desenvoltura de antes e
outras “cositas” mais. Outras pessoas com quem tive a oportunidade de conversar
sobre o assunto me relataram uma percepção semelhante a minha, confesso que
isso me deixou mais, sei lá, tranqüilo, aliviado, se é que essa é a palavra
apropriada para a ocasião.
Só para encerrar essa “coisa”
de exemplos, há dois atrás em um telejornal local, na verdade nos tantos
momentos em que fico trabalhando no computador e escutando a televisão (mania
desgraçada, “do cacete”, fazer o quê?), a repórter disse textualmente “um senhor de 50 anos desceu pela porta...”.
Pensem na situação engraçada, eu parei de trabalhar e olhei para a televisão e
fiquei pensando “PORRA eu tenho 50 anos e não sou um senhor”, ou será que sou?,
na verdade eu nunca tinha me visto como tal e pra ser sincero não me vejo,
enfim? Percebe o tamanho da encrenca? Não sei quantos anos a repórter tinha,
pela sua aparência uns vinte e poucos anos, logo não posso determinar o
referencial dela, só sei a minha idade, o meu ponto de observação, de onde
partem as minhas analises e observações. O que dizer então do meu pai que tem
79 anos, ainda não perguntei, mas vou perguntar qual a percepção dele sobre
isso. Só pra saber se o maluco aqui sou só EU mesmo.
Para finalizar essa “bagaça”
ora descrita, devo dizer que o fato de ter me tornado um diabético em nada
influência a minha percepção de que efetivamente não me enquadro na condição de
um senhor CINQUENTENÁRIO. Só para esclarecer aos incautos de plantão, jamais
escondi ou neguei a idade que tenho, apenas sempre fui e continuo sendo muito
fiel aos meus princípios e /ou sentimentos. É o que é.
Rodolfo S Cerveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário