sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A INCONTROLÁVEL E INEXPUGNÁVEL PASSAGEM DO TEMPO



A noção da passagem do tempo é algo bastante instigante, desconcertante e excessivamente própria de cada ser humano, ou seja, cada um de nós tem uma percepção diferenciada dos aspectos, das condicionantes e das conseqüências desta tão fadada condição de nossa existência. Na minha modesta opinião a palavra mágica nesta questão é REFERENCIAL, explico melhor, no desenrolar da minha não tão breve vida, aprendi que tudo, rigorosamente tudo o que pensamos e o que fazemos tem enfoques, solicitações e respostas diversas, só dependendo do modo como são examinadas, do referencial utilizado para tal observação e portanto é preciso estar atento a esse não tão misero detalhe assim, para poder entender melhor os mistérios do nosso EU interior, das nossas verdades mais recôndidas.

Para exemplificar melhor esta questão, peço permissão a você para citar alguns fatos da minha vida em particular que talvez possam te ajudar a entender o pensamento que foi exposto no parágrafo anterior. Quando eu tinha 15 anos e olhava para uma mulher bonita de 28, 30 anos, o primeiro pensamento corrente era o seguinte: nossa! essa “coroa é bonita”. O tempo foi passando e aos 25 anos, em situação análoga a anterior a idade da pessoa admirada passou para 40, 45. Hoje com 53 anos com certeza essa idade avançou um tanto mais, porém com uma velocidade menor, ou seja, a distância entre a minha e a da outra pessoa já não é mais da mesma magnitude. Logo o único fator que mudou foi o meu referencial, concorda?

Por outro lado devo admitir que ainda não consigo entronizar os 53 anos, não me sinto com a idade que tenho, é lógico que não há como negar o peso e as conseqüências dos anos em minhas costas, pois muitas atividades já não faço com a mesma desenvoltura de antes e outras “cositas” mais. Outras pessoas com quem tive a oportunidade de conversar sobre o assunto me relataram uma percepção semelhante a minha, confesso que isso me deixou mais, sei lá, tranqüilo, aliviado, se é que essa é a palavra apropriada para a ocasião.

Só para encerrar essa “coisa” de exemplos, há dois atrás em um telejornal local, na verdade nos tantos momentos em que fico trabalhando no computador e escutando a televisão (mania desgraçada, “do cacete”, fazer o quê?), a repórter disse textualmente “um senhor de 50 anos desceu pela porta...”. Pensem na situação engraçada, eu parei de trabalhar e olhei para a televisão e fiquei pensando “PORRA eu tenho 50 anos e não sou um senhor”, ou será que sou?, na verdade eu nunca tinha me visto como tal e pra ser sincero não me vejo, enfim? Percebe o tamanho da encrenca? Não sei quantos anos a repórter tinha, pela sua aparência uns vinte e poucos anos, logo não posso determinar o referencial dela, só sei a minha idade, o meu ponto de observação, de onde partem as minhas analises e observações. O que dizer então do meu pai que tem 79 anos, ainda não perguntei, mas vou perguntar qual a percepção dele sobre isso. Só pra saber se o maluco aqui sou só EU mesmo.

Para finalizar essa “bagaça” ora descrita, devo dizer que o fato de ter me tornado um diabético em nada influência a minha percepção de que efetivamente não me enquadro na condição de um senhor CINQUENTENÁRIO. Só para esclarecer aos incautos de plantão, jamais escondi ou neguei a idade que tenho, apenas sempre fui e continuo sendo muito fiel aos meus princípios e /ou sentimentos. É o que é.


Rodolfo S Cerveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário