segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O NÃO TÃO DOCE E SAGRADO CAFEZINHO NOSSO DE CADA DIA



Desde a infância, minhas lembranças ligadas ao café estão diretamente relacionadas ao café com leite regularmente tomado pela manhã, no consagrado CAFÉ DA MANHÃ nosso de cada dia, ou eventualmente nos lanches noturnos em substituição ao jantar propriamente dito (onde via de regra se consome comida salgada mesmo). Assim sendo nunca mantive o costume de tomar o tão famoso e apreciado CAFEZINHO preto, como é popularmente conhecido pela grande maioria das pessoas desse nosso imenso país e porque não dizer do mundo todo. Entretanto quando atingi a idade adulta e comecei a trabalhar em um banco comercial, onde a rotina era muito intensa e estressante, passei a observar mais de perto o apreço dos meus colegas em relação ao “pretinho” e por um motivo ou outro acabei incorporando esse hábito a minha rotina. Talvez porque ele fosse um verdadeiro aliado para escamotear a fome que teimava em se apresentar entre as refeições principais, enfim o dito cujo entrou na minha vida, esse é o fato irrefutável.

De toda forma esse costume acabou criando raízes ainda mais fortes no momento que que o convívio com minha namorada e atual esposa foi se tornando mais intenso, uma vez que ela já tinha desenvolvido um gosto mais apurado, mais refinado da famosa bebida, principalmente quando se fazia a associação da mesma com outras iguarias e guloseimas que até então eu desconhecia como “casamentos que realmente davam certo”, logo não tinha como apreciá-las. O fato é que a mudança de meu paladar nesse particular foi inevitável e apesar de não ter me tornado um grande apreciador de café, confesso que ele passou a fazer parte da minha modesta lista de preferências gourmet.

Segundo o Neurologista e psiquiatra italiano Giuseppe Lerace, “há uma ligação direta entre o chamado lobo límbico, centro das emoções no cérebro, e o cortéx gustatório e olfatório, regiões onde os sabores e odores são processados. No passado, as preferências de gosto eram uma resposta aos condicionamentos biológicos, e a sobrevivência dependia completamente desse sistema. Com a evolução, o comportamento alimentar dos homens se tornou complexo e movido pelo desejo de prazer ou pelo evitamento do desprazer”. O que nos leva a conclusão de que comer somente o que nos é SABOROSO, é uma das principais dificuldades para se atingir o equilíbrio físico e energético do nosso corpo.


Algo interessante aconteceu comigo com a chegada do diabetes, pois a retirada do açúcar do café e a consequente introdução do adoçante, foi bastante traumática e bastante desestimulante, pois anteriormente quando eu tomava inadvertidamente um café sem o açúcar eu definitivamente tinha vontade de vomitar, tal era a minha aversão ao sabor do mesmo naquelas condições, e agora com a introdução obrigatória do adoçante ele passou a não ter mais o gosto do prazer de degustá-lo, explico melhor, o café com ou sem adoçante passou a não ter praticamente nenhuma diferença, pois o prazer que o gosto do mesmo provocava se esvaiu, se foi junto com o açúcar. O doce ato de tomar um bom café se perdeu. Que merda é essa?


Rodolfo S Cerveira

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