Desde a infância, minhas
lembranças ligadas ao café estão diretamente relacionadas ao café com leite
regularmente tomado pela manhã, no consagrado CAFÉ DA MANHÃ nosso de cada dia,
ou eventualmente nos lanches noturnos em substituição ao jantar propriamente
dito (onde via de regra se consome comida salgada mesmo). Assim sendo nunca
mantive o costume de tomar o tão famoso e apreciado CAFEZINHO preto, como é
popularmente conhecido pela grande maioria das pessoas desse nosso imenso país
e porque não dizer do mundo todo. Entretanto quando atingi a idade adulta e
comecei a trabalhar em um banco comercial, onde a rotina era muito intensa e
estressante, passei a observar mais de perto o apreço dos meus colegas em
relação ao “pretinho” e por um motivo ou outro acabei incorporando esse hábito
a minha rotina. Talvez porque ele fosse um verdadeiro aliado para escamotear a
fome que teimava em se apresentar entre as refeições principais, enfim o dito
cujo entrou na minha vida, esse é o fato irrefutável.
De toda forma esse costume
acabou criando raízes ainda mais fortes no momento que que o convívio com minha
namorada e atual esposa foi se tornando mais intenso, uma vez que ela já tinha
desenvolvido um gosto mais apurado, mais refinado da famosa bebida,
principalmente quando se fazia a associação da mesma com outras iguarias e
guloseimas que até então eu desconhecia como “casamentos que realmente davam
certo”, logo não tinha como apreciá-las. O fato é que a mudança de meu paladar nesse
particular foi inevitável e apesar de não ter me tornado um grande apreciador
de café, confesso que ele passou a fazer parte da minha modesta lista de
preferências gourmet.
Segundo o Neurologista e
psiquiatra italiano Giuseppe Lerace, “há uma ligação direta entre o chamado
lobo límbico, centro das emoções no cérebro, e o cortéx gustatório e olfatório,
regiões onde os sabores e odores são processados. No passado, as preferências
de gosto eram uma resposta aos condicionamentos biológicos, e a sobrevivência
dependia completamente desse sistema. Com a evolução, o comportamento alimentar
dos homens se tornou complexo e movido pelo desejo de prazer ou pelo evitamento
do desprazer”. O que nos leva a conclusão de que comer somente o que nos é SABOROSO,
é uma das principais dificuldades para se atingir o equilíbrio físico e
energético do nosso corpo.
Algo interessante aconteceu
comigo com a chegada do diabetes, pois a retirada do açúcar do café e a
consequente introdução do adoçante, foi bastante traumática e bastante desestimulante,
pois anteriormente quando eu tomava inadvertidamente um café sem o açúcar eu
definitivamente tinha vontade de vomitar, tal era a minha aversão ao sabor do
mesmo naquelas condições, e agora com a introdução obrigatória do adoçante ele
passou a não ter mais o gosto do prazer de degustá-lo, explico melhor, o café
com ou sem adoçante passou a não ter praticamente nenhuma diferença, pois o
prazer que o gosto do mesmo provocava se esvaiu, se foi junto com o açúcar. O
doce ato de tomar um bom café se perdeu. Que merda é essa?
Rodolfo S Cerveira
Mas é sempre possível uma reeducação gustativa. 😁😁
ResponderExcluirCom certeza filha.
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