terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O MÁGICO OU MUITAS VEZES ENTEDIOSO DOMINGO



Muitas vezes me pego pensando como a minha e também a percepção das outras pessoas em relação aos fatos e as coisas da vida vão mudando, melhorando ou piorando, com o passar dos anos. O dia de Domingo por exemplo, na minha infância tinha um gosto de frango assado em casa é claro, pois ainda não era muito comum o chamado “frango de televisão de cachorro” (daquelas máquinas de assar frango que normalmente ficam com uma das frentes para fora da loja e os cachorros ficam olhando e se comportam como se estivessem salivando o gosto do frango ali exposto), pois como se consumia muita carne durante a semana, neste dia era natural que a preferência recaísse sobre o elemento penoso mais famoso entre nós. Dia de poder acordar um pouco mais tarde, para os outros imagino, pois para mim nunca funcionou, meu relógio biológico jamais permitiu.

A reunião junto à mesa do almoço de domingo, bem essa era sagrada, afinal se nos fosse possível nascer com pelo menos metade da maturidade que adquirimos durante a nossa vida, com certeza poderíamos aproveitar melhor esses momentos tão mágicos, dos quais só nos damos conta muito tempo depois, do seu grau de importância e significado em nossas vidas. O tempo vai passando, vamos ganhando “ossatura”, tempo de vida, vamos “engrossando o coro e o espírito”, se melhoramos ou pioramos, essa não é questão principal, apenas vamos adquirindo outros hábitos, conhecendo outras pessoas e lugares, novos interesses surgem e aquilo que era uma regra a princípio, passa a ser um ligeiro entrave às diversas opções ora surgidas. Há a novidade do clube social e suas tentações, os aniversários e reuniões advindas dos novos amigos e conhecidos, enfim uma série de novas programações que acabam esvaziando o famoso almoço dominical. É o que é.

A vida vai evoluindo, será mesmo?. Eis que começa a se desenhar um novo braço dessa comunidade, digo melhor, entra nesse contexto alguém de fora completamente alheio a mesma, mas que a princípio apresenta uma séria predisposição para se inserir nesse núcleo. E mesmo durante o processo de inserção e até o momento em que essa se consolida, é possível vislumbrar uma ruptura ainda mais drástica dessa malha social, pois esses domingos agora serão divididos com um novo conjunto de pessoas com idéias e costumes diversos, oriundas é claro desse novo integrante, que não por acaso tem uma nova sede (casa), o que por si só já é um elemento de descentralização, enfim são novas situações e fatores que precisam ser administrados sempre com muita sabedoria.

Na verdade o ciclo da vida vai se desenhando ainda mais intrigante e então surgem os resultados dessas novas alianças, os netos. Pra falar a verdade acho que é nesse momento que o domingo começa a recuperar o seu significado inicial, recebendo o reforço, e que reforço, dos laços que unem avós e netos, mas também se deve considerar ainda que os filhos também são responsáveis por uma considerável dose de reforço nesse processo, na medida em que ao se tornarem PAIS, passam a entender com muito mais propriedade a magnitude da instituição família, conseguindo verdadeiramente entender a grandeza do que é ser PAI e ser MÃE e do papel, a importância e da simbologia do domingo nessa “ENGENHOCA TODA”.

Hoje diante dos meus 53 anos, tenho a felicidade de poder dizer que minhas filhas, com 19 e 21 anos, ainda me acompanham nos almoços de domingo na casa dos meus pais, e o que me deixa ainda mais contente é constatar que elas realmente gostam desse convívio, que considero tão salutar. É bem verdade que a minha não tão antiga condição de diabético não me permite abusar das guloseimas próprias da casa da MAMÃE, como outrora, (só para não sair do riscado, os doces são mais fáceis de controlar, a exceção do AÇAI que agora deve ser consumido sem o açúcar e preferencialmente sem a farinha dá’gua, já os salgados, principalmente os carboidratos, o arroz e do macarrão, é onde a “casa cai”, e a tarefa é bem mais complicada), e nesse caso devo confessar que alguns pecados eu acabo cometendo, isso quando consigo burlar a fiscalização das minhas adoradas filhas e esposa, é claro. Brincadeiras a parte, esses momentos são muito preciosos, e todos nós deveríamos valorizar e verdadeiramente aproveitá-los em sua plenitude. Salve o Domingão, desde que seja sem o Faustão, kkkkkkk!


Rodolfo S Cerveira

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A SAUDADE DO SONO DE OUTRORA E AS DORES DO SONO DE AGORA


Bons tempos aqueles em que eu literalmente “morria todas as noites e renascia na manhã seguinte”. O uso dessa expressão não é um exagero, absolutamente não, mas é bastante apropriado para definir o quão era pesado e o quanto era reconfortante e satisfatório o sono de outrora, nos meus primeiros anos de vida, durante a minha adolescência, enfim durante toda a minha juventude. Pra ser bem sincero, até os 40 anos isso era uma doce realidade, se bem que mesmo sem saber, desde os 36 anos eu já sentia os prenúncios de uma considerável Hérnia de disco lombar que definitivamente entrou na minha vida por volta dos 41 anos. Portanto apesar de não ser capaz de reconhecer tais sinais, eles já se faziam presentes, porém só após a primeira crise aguda e mediante o diagnóstico médico pude verdadeiramente identificá-los.

Com o susto da descoberta e o sofrimento causado pela primeira crise, que durou exatos 21 dias de dor, que foram finalmente extirpados com a ajuda de uma mistura mágica de muita fisioterapia, descanso e medicação, só me restou uma atitude drástica. Perder 12 quilos com a adoção de uma dieta controlada, caminhadas regulares e uma mudança de postura relativa a alguns hábitos agora proibidos para um herniado, tais como carregar peso excessivo, evitar atividades e alto impacto e etc...

Nos primeiros tempos a coisa funcionou muito bem, mas no final do segundo ano eu já havia recuperado boa parte do peso e a periodicidade das atividades físicas foi ficando cada vez mais espaçada. Resultado os problemas relativos a qualidade do sono começaram a se mostrar de forma mais aguda, as doces tardes de domingo em que ficava deitado a frente da televisão curtindo o futebol e os demais programas esportivos que se estendiam até a metade da noite, se tornaram extremamente proibitivas, sob pena de inviabilizar inteiramente “o bom descanso” da noite em questão, Já que o longo tempo deitado provocava incômodos significativos nas minhas costas e parte posterior das pernas.

Depois esses incômodos se tornaram dores e dessa forma passaram a exercer uma influência muito grande no meu humor, na minha qualidade de vida. Pois eles me fazem trocar de posição intermináveis vezes por noite, literalmente me roubando a qualidade do descanso mais profundo, me relegando a uma zona bem mais superficial, na qual não me é possível desligar completamente, pois a cada virada ou mudança de posição praticamente acordo.

Eis que então surge a DIABÉTES na minha vida, e como consequência dos remédios dela advindos, passo a agregar a minha rotina muito a contragosto é claro, o fato de levantar quase todas as noites, pelo menos uma vez, para fazer xixi, em função das características diuréticas dos referidos medicamentos. Nesse momento a coisa realmente pegou, pois como eu sempre tive e ainda tenho uma dificuldade enorme de voltar a dormir depois de uma ida ao banheiro, ele se tornou mais um fator de depreciação da qualidade do meu sono. QUE MERDA!

Hoje prestes a completar 53 anos tenho ainda mais consciência da minha responsabilidade sobre essa situação, pois a experiência que me fora legada pelo exercício desse infortúnio me trouxe a certeza de que a resolução do quadro acima descrito basicamente é a adoção de uma atividade física regular e constante, que ainda não consegui implantar, mas que continuo perseguindo com todas as minhas forças. E espero sinceramente alcançá-lo.


Rodolfo S Cerveira

domingo, 22 de janeiro de 2017

O EXTREMO E EXACERBADO CONTROLE SOBRE O SEU CORPO



O extremo autocontrole sobre seu corpo, sobre si mesmo e também sobre uma doença crônica, será mesmo, será que isso realmente existe? Como diria o gringo louco “ISSO É UMA GOOD QUESTION?”, perdoem a brincadeira e o fato de ter de repente promovido uma breve agressão ao vernáculo de duas línguas ao mesmo tempo, mas achei que um pequeno exagero valeria a pena, só pra descontrair um pouco. Mas voltando ao que realmente interessa, na condição de diabético, fico intrigado quando penso na resposta dessa pergunta e confesso que apesar de ser capaz de imaginar esse SER que com toda a certeza poderia servir de exemplo pronto para essa hipotética situação, pois reúne as verdadeiras condições para tal, como um peso corporal bastante controlado, com taxas nos limites estabelecidos pela medicina, enfim com várias características que por si só já denotam sua extrema capacidade de manter-se à margem dos exageros tão sedutores e provocativos do mundo dos glutões por natureza. Entretanto essa questão continua me incomodando bastante, pois expõe com detalhes a minha, e provavelmente a de muitos outros indivíduos, incapacidade de adotar esse tipo de comportamento, teoricamente tão benéfico para se atingir o tão desejado BEM VIVER.

Por outro lado é também bastante salutar fazer um questionamento sobre alguns aspectos desse controle tão exacerbado. O que dizer do banimento do consumo de substâncias ditas proibidas, sem a hipótese de nenhuma exceção, não importando a motivação a ser considerada, não permitindo nenhuma exceção a regra; - Do exame minucioso das resenhas e descrições de produtos industrializados nas gôndolas dos supermercados e afins; - Da privação do normal e saudável convívio dos amigos nas rodas de bar e nos encontros de finais de semana, para não cair nas tentações do comer e beber ; - Na procura incessante por produtos naturais que tenham propriedades especiais, quase mágicas; - Na expectativa do surgimento de novas técnicas e ou substâncias que possam trazer uma nova luz a questão. Enfim de uma série de procedimentos tão saudáveis e recomendáveis e ao mesmo tempo, que podem se tornar tão nocivos na medida em que tem o potencial de provocar uma imensa frustração e um enorme VAZIO.
Só para deixar bem claro este breve relato não é uma crítica à postura de alguém, absolutamente não, e sim uma sincera manifestação de admiração por uma pessoa (um paciente dito ideal) que demonstra uma determinação e uma força de vontade fora do comum, muito rara mesmo, que com certeza pode lhe render resultados tão expressivos nas suas BATALHAS diárias contra as doenças que o afligem. Principalmente quando levamos em consideração que ele tem, a por mim carinhosamente denominada, tríplice coroa (quero dizer é diabético, logo deve controlar o açucar, tem problemas com a pressão arterial, logo deve controlar a ingestão de sal e gorduras e por fim tem problemas renais, logo deve reduzir drasticamente a ingestão de carnes vermelhas e outros itens expressamente proibidos pelos manuais médicos).

O Resumo da Ópera é o seguinte: o personagem acima mencionado é na verdade o resultado da minha percepção de como a sociedade espera que um doente crônico, deve encarar sua enfermidade. E então me ocorre as seguintes questões: Será mesmo possível que alguém leve uma vida tão miseravelmente controlada assim? E depois se efetivamente isso for possível, será que essa forma de VIVER verdadeiramente vale a pena? As respostas de cada um de nós para tais perguntas são muito particulares e díspares, e estão intimamente ligadas à história de vida e a carga que cada um traz consigo no transcorrer de sua breve caminhada nesta efêmera existência.


Rodolfo S Cerveira

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A ENORME SOLIDÃO DE UM DOENTE CRÔNICO




Quando digo que um doente crônico está rigorosamente só no universo de sua própria SOLIDÃO, pode parecer uma reles figura de linguagem, mas de fato não é. Na verdade não estou me referindo a solidão espacial, de proximidade corporal e até mesmo espiritual, afinal ele normalmente tem o amor e o apoio da família e dos amigos, mas efetivamente de algo que só ele pode mensurar, pois como diz o ditado “ninguém pode sentir a dor do outro”, logo ninguém pode saber o que esse indivíduo sente, senão ele mesmo. Isso pode parecer loucura, devaneio, mas rigorosamente não é. No momento em que você ocupa outro papel neste “organograma humano”, ou seja, quando o doente está do outro lado, você tende a se comportar como um observador voraz e sabedor pleno das verdades que podem solucionar as questões mais emblemáticas da vida dele, e aqui faço um parêntese (isso já aconteceu comigo, mesmo que inconscientemente). Agora quando a moléstia de ambos é a mesma, então nesse caso o olhar do observador antes na posição pragmática de um juiz, assume uma posição mais maleável, quase que desnudada de pré-conceitos, de um possível companheiro de jornada, e nesse caso a compreensão mútua poderá ser plenamente atingida, só bastando para isso que a boa vontade de ambos aflore naturalmente.

Convenhamos falar é muito mais fácil do que fazer, assim como é bem mais fácil resolver o problema dos outros do que o nosso, e acredito que isso seja uma verdade quase que absoluta, pois quando o nosso olhar é focado somente na racionalidade, desvinculado das emoções fica muito mais viável a solução dos nossos problemas.
Por que será então que o ser humano consegue criar tamanha complicação no momento em que precisa lidar com as suas dificuldades de relacionamento interpessoais e intrapessoais. E o que dizer então quando ele tem que lidar com o desconhecido, com o improvável, com o imponderável.

Para encerrar a presente resenha, me sinto na obrigação de esclarecer alguns pontos que penso serem fundamentais para o perfeito entendimento da filosofia deste BLOG:

1 – O objetivo deste blog é dividir com você as agruras e desventuras da vida de um doente crônico, de um diabético. A partir de sua observação, sensibilidade e visão particular do mundo, através de uma linguagem simples e descompromissada, sempre mantendo uma relativa distância dos formalismos próprios dos textos acadêmicos e ou científicos;

2 – Em nenhum momento me coloquei e jamais terei a pretensão de achar que poderei ser um modelo ou exemplo de alguma coisa, afinal sou apenas um ser humano como outro qualquer que tem inúmeras falhas, medos, aflições e inconsistências, mas que também pode bater no peito e dizer que tem uma virtude da qual se orgulha muito, jamais escamoteei ou encobri alguma dificuldade ou limitação das demais pessoas e principalmente de mim mesmo;

3 – “O dono da verdade”, isso é algo que tenho certeza que não existe, logo é uma mancha que absolutamente não carrego em minha personalidade, além do que posso dizer que a vida vem me ensinando que nem dono da minha própria verdade eu consigo ser;

4 – Mesmo estando, com a graça de Deus, com as minhas taxas e demais indicadores médicos em níveis controlados, e também considerando a devida ajuda dos remédios referendados pelo meu médico, não posso deixar de me incluir entre os mais necessitados de aprimoramento no processo de auto conhecimento e auto controle das intempéries que assolam um indivíduo portador de uma moléstia crônica. “C’est la vie” (é a vida)

Rodolfo S Cerveira.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O NÃO TÃO DOCE E SAGRADO CAFEZINHO NOSSO DE CADA DIA



Desde a infância, minhas lembranças ligadas ao café estão diretamente relacionadas ao café com leite regularmente tomado pela manhã, no consagrado CAFÉ DA MANHÃ nosso de cada dia, ou eventualmente nos lanches noturnos em substituição ao jantar propriamente dito (onde via de regra se consome comida salgada mesmo). Assim sendo nunca mantive o costume de tomar o tão famoso e apreciado CAFEZINHO preto, como é popularmente conhecido pela grande maioria das pessoas desse nosso imenso país e porque não dizer do mundo todo. Entretanto quando atingi a idade adulta e comecei a trabalhar em um banco comercial, onde a rotina era muito intensa e estressante, passei a observar mais de perto o apreço dos meus colegas em relação ao “pretinho” e por um motivo ou outro acabei incorporando esse hábito a minha rotina. Talvez porque ele fosse um verdadeiro aliado para escamotear a fome que teimava em se apresentar entre as refeições principais, enfim o dito cujo entrou na minha vida, esse é o fato irrefutável.

De toda forma esse costume acabou criando raízes ainda mais fortes no momento que que o convívio com minha namorada e atual esposa foi se tornando mais intenso, uma vez que ela já tinha desenvolvido um gosto mais apurado, mais refinado da famosa bebida, principalmente quando se fazia a associação da mesma com outras iguarias e guloseimas que até então eu desconhecia como “casamentos que realmente davam certo”, logo não tinha como apreciá-las. O fato é que a mudança de meu paladar nesse particular foi inevitável e apesar de não ter me tornado um grande apreciador de café, confesso que ele passou a fazer parte da minha modesta lista de preferências gourmet.

Segundo o Neurologista e psiquiatra italiano Giuseppe Lerace, “há uma ligação direta entre o chamado lobo límbico, centro das emoções no cérebro, e o cortéx gustatório e olfatório, regiões onde os sabores e odores são processados. No passado, as preferências de gosto eram uma resposta aos condicionamentos biológicos, e a sobrevivência dependia completamente desse sistema. Com a evolução, o comportamento alimentar dos homens se tornou complexo e movido pelo desejo de prazer ou pelo evitamento do desprazer”. O que nos leva a conclusão de que comer somente o que nos é SABOROSO, é uma das principais dificuldades para se atingir o equilíbrio físico e energético do nosso corpo.


Algo interessante aconteceu comigo com a chegada do diabetes, pois a retirada do açúcar do café e a consequente introdução do adoçante, foi bastante traumática e bastante desestimulante, pois anteriormente quando eu tomava inadvertidamente um café sem o açúcar eu definitivamente tinha vontade de vomitar, tal era a minha aversão ao sabor do mesmo naquelas condições, e agora com a introdução obrigatória do adoçante ele passou a não ter mais o gosto do prazer de degustá-lo, explico melhor, o café com ou sem adoçante passou a não ter praticamente nenhuma diferença, pois o prazer que o gosto do mesmo provocava se esvaiu, se foi junto com o açúcar. O doce ato de tomar um bom café se perdeu. Que merda é essa?


Rodolfo S Cerveira

domingo, 8 de janeiro de 2017

O DESPERTAR DA PAIXÃO PELO DOCE, PELA SOBREMESA



Desde a infância sempre dei bem mais importância aos salgados (salgadinho propriamente dito, em geral e aos pratos de comida comum - que segundo os cientistas, são considerados alimentos salgados), já os doces eram relegados a um segundo plano, na verdade quase sempre eram preteridos, pois quase sempre o processo de saciedade alimentar era alcançado através do consumo do salgado. É bem verdade que é a exceção a essa regra era o bendito chocolate, pelo qual sempre nutri uma paixão incontrolável e sempre fui capaz de cometer exageros bastante condenáveis. Mas convenhamos, qual é o ser humano (principalmente na sua infância e adolescência), que não é ou nem nunca foi um apreciador do chamado ouro branco, o CHOCOLATE, com toda a certeza o grupo de pessoas que não comungam desse prazer é muito seleto.

O tempo foi passando, fui adquirindo mais experiência e conhecimento inclusive no mundo gastronômico, na verdade no “departamento” do comer bem (sempre na qualidade de um bom garfo, é claro), e segundo algumas pessoas conhecidas que trabalham nessa área, meu paladar foi se modificando, foi melhorando, por que não dizer se aperfeiçoando. Pra falar a verdade não sei se concordo integralmente com essa afirmação, mas em parte devo admitir que novos hábitos e gostos foram agregados a minha DOCE rotina, a minha não tão doce vida, até então.

Mas o fato é que depois dos 35 anos, já com uma vida bastante sedentária, principalmente se comparada às duas primeiras décadas de minha existência, que foram bem nutridas de exercícios físicos, confesso que comecei a sentir a necessidade de logo após a refeição principal do dia (o almoço - que tinha como base os salgados) ingerir algo da cadeia alimentar dos doces, e foi nesse período que a chamada sobremesa adquiriu um lugar de destaque no meu mundo comensal. Nossa que chiquê!

O engraçado é o que a minha esposa me diz, que na verdade “isso é o resultado da idade, da chegada da maturidade, pra não esculachar de vez e falar é a PVC (Porra da velhice chegando) que convenhamos é inevitável e com absoluta certeza é algo que não podemos mudar. Brincadeiras à parte, não há como negar que a idade nos remete a alguns gostos e manias bem diferentes dos tempos de outrora, mas daí atribuir integralmente a isso tal fato, acho um exagero.

Na real, o fato inconteste é que depois de aprender, seja lá por que motivo, a admirar uma boa porção de doce e ser privado deste prazer por uma PRAGA como o diabetes é realmente uma dolorosa realidade. Que infelizmente não pode e nem deve ser ignorada, menosprezada, sob pena de pagarmos um preço muito alto pela digamos “traquinagem”, afinal estamos falando da vida, na verdade do bem viver, do viver com qualidade. “C’est la vie” (é a vida).


Rodolfo S Cerveira

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

CARBOIDRATO, O GRANDE VILÃO DA MINHA EXISTÊNCIA, PÓS DIABETES, É CLARO.


É verdadeiramente intrigante quando a maioria das pessoas que não são diabéticas falam pra você que infelizmente, é diabético, poxa como deve ser ruim sua vida sem poder comer mais doces, chocolates, bolos, enfim açúcar em geral? Nesses momentos fico muito triste em constatar que uma grande parcela da sociedade não tem a verdadeira idéia do que é o DIABETES, quais suas implicações, quais as suas consequências, enfim ainda existe um imenso vácuo de informações acerca desse assunto tão importante e vital para a vida da nossa civilização. O quanto a sociedade e os nossos governantes são irresponsáveis no trato dessa questão, pois já esta mais do que comprovado que é muito mais barato promover a saúde pública preventiva do que a curativa. E nesse sentido o bom uso da informação é fundamental.

Na verdade o açúcar que ingerimos diretamente através das guloseimas citadas acima e ainda das demais que estão disponíveis em nosso cotidiano, é mais fácil de controlar, pelo menos pra mim, agora o grande problema é diminuir a ingestão da categoria alimentar que representa uma das mais importantes fontes de energia para o organismo humano, e que esta na base da nossa pirâmide alimentar, que são os CARBOIDRATOS, que só para minha desgraça, além de deliciosos e apetitosos, são a principal fonte de produção de glicose como resultado final de seu metabolismo e ainda tem a capacidade de poupar proteínas do nosso metabolismo energéticopreservando-as para exercerem funções fundamentais nos nossos processos biológicos, ou seja, todo carboidrato ingerido é transformado em açúcar pelo nosso metabolismo, e então, ISSO não é a imagem do inferno? 

Agora pensem na minha humilde situação, um sujeito que adora carboidrato, que sempre fez deste a sua base e o princípio alimentar, afinal nunca fui muito adepto das verduras e legumes, apesar da insistência de minha mãe. O que fazer então sem o meu pratinho preferido de ARROZ, FEIJÃO, MACARRÃO, BATATA, FAROFA (carboidratos) e a CARNE (proteína), em quantidades generosas, é claro. Como passar a escolher apenas um deles para cada refeição do dia, e em miseras porções dignas de um restaurante francês muito chique. É realmente o grande tormento do DIABÉTICO comilão como eu, é a grande e mais dolorosa batalha, me abster ou mesmo reduzir drasticamente a quantidade dos carboidratos a serem consumidos diariamente, e por que não dizer também literalmente cortar o PÃO MEU (pão nosso) de cada dia, afinal é ele SIM, o pão, um dos maiores vilões da vida de um diabético, principalmente quando ele é um apreciador contumaz do mesmo. 

Rodolfo S Cerveira

AMARGA ILUSÃO DA MINHA DOCE VIDA


Nos primeiros tempos do VIVER COM O DIABETES, o sujeito se comporta de maneira bastante séria, comprometida, compenetrada, levando a dieta a sério, fazendo exercícios, enfim seguindo as prescrições e orientações médicas à risca. Mas, aí vem a porra do MAS, sempre ele, mas de vez em quando como ele é um comilão por natureza, ele chuta o “pau da barraca” e come um chocolatezinho, um docinho, toma um refrigerante, come um salgadinho na lanchonete do shopping, no meu caso em particular toma um belo suco de maracujá (com açúcar, afinal suco de maracujá com adoçante não dá, não mesmo, alias era algo que eu fazia quase todos os dias, para dormir melhor, afinal maracujá acalma, será mesmo? Gostoso eu tenho certeza que é). E a porra da GLICOSE desanda e volta a subir, bate os 143,159. Até aí tudo bem afinal basta uma semana, quinze dias de um regime forçado e tudo volta aos níveis desejados. Ufa! E a vida segue sem grandes transtornos.

Acontece que depois do terceiro ano (isso deve variar de pessoa para pessoa, no meu caso aconteceu neste período, blza) a capacidade do sujeito de recuperar os níveis desejados e aceitáveis de glicose vai diminuindo e ele vai percebendo que essas ESTRIPULIAS vão se tornando muito caras, pois deixam um rastro de problemas cada vez maior, e com o passar do tempo esse processo vai se intensificando ainda mais, e em cada episódio ele tem mais dificuldade para voltar a situação inicial (dita ideal de 100 a 110 de glicose, pois segundo a maioria dos médicos para o diabético o limite de normalidade é 110 e não os 100 das demais pessoas NORMAIS ou como diria um velho professor nas CNTP – Condições Normais de Temperatura e Pressão). 

Até que o sujeito percebe que não há como voltar a situação inicial (normal, ideal), sem uma atitude drástica, ou seja, tornar-se quase um monge budista com físico de um corredor de maratonista, em face da considerável carga de exercícios (brincadeiras à parte, mas a coisa é muito séria mesmo), a outra opção que lhe resta é começar a fazer uso de medicação específica para ajudar nesse controle. Aqui vale um apêndice bem rapidinho, até esse momento eu só tomava o remédio considerado o mais fraquinho, o glifage 750 XR, uma vez ao dia.

Então partiu endocrinologista, (espaço para mais um pequeno parêntese, depois das duas primeiras consultas com esse profissional na época em que eu recebi o diagnóstico do DIABETES, eu passou 2 anos e meio sem ir ao Endocrinologista, mas enfim), a consulta rolando e sua médica, na verdade no retorno e já com exames solicitados por ela em mãos, deu-lhe a explicação técnica daquilo que ele próprio pode identificar e comprovar na idas e vindas do seu novo viver com diabetes, que em síntese significava a queda da sua resistência a doença e todas as consequências advindas desse fato, afinal para quem já foi um atleta (tudo bem já faz um bom tempo), nunca fez uso de remédios de forma regular, e nunca teve nenhuma doença mais grave, digerir e aceitar que a PORRA dessa doença esta te FERRANDO um pouco mais a cada dia, não é algo muito animador, mas vamos lá.

Resultado prático da consulta, aumento da dosagem do Glifage e introdução de uma outra medicação para eliminar o açúcar do organismo. A partir daí o acompanhamento com a Endocrinologista passaria a ser trimestral. É a vida senhores, é bonita e é bonita, como diria o poeta.

Só para esclarecer, apesar de estar falando de mim mesmo, ou seja, o texto acima foi produzido SIM com base na minha história de vida, entretanto resolvi fazê-lo em terceira pessoa, falando sempre em relação ao sujeito, para tentar demonstrar que o sujeito no caso é o DIABÉTICO, e que por conseguinte tem características que podem ser vistas em qualquer outra pessoa que por ventura esteja na mesma situação, blza.

Rodolfo S Cerveira

ADEUS MEU BOLINHO PREFERIDO


Como diria o poeta, “A vida não para, não cessa não, não para”, logo só me resta seguir em frente, e as transformações na minha vida vão acontecendo com uma velocidade espantosa e vou tentando me enquadrar, me adaptar a essa nova configuração do MEU NOVO MUNDO. 

Lembro com saudade daquilo que foi a primeira mudança, muito sentida por mim e também pela minha família, provocada pelo DIABETES, que foi a extinção do tradicional bolo que minha esposa (que por acaso tem dotes culinários privilegiados), fazia todos os sábados. Eram delícias de todos os tipos e sabores, onde o saber dos livros de receita herdados da mãe e da avó dela eram experimentados em sua plenitude. O que dizer do bolo de nada, com certeza o meu preferido, denominação esta que fora dada para o bolo sem recheio, mas que nem por isso era menos delicioso, do bolo de chocolate, nossa que coisa boa, muito gostoso, e do bolo formigueiro então, hum, que maravilha, um verdadeiro espetáculo, só para falar dos mais pedidos e apreciados pelos integrantes do clã, que se tornaram figurinhas repetidas e carimbadas de nossa breve história gastronômica. De tão maravilhosos que eram, esses saudosos bolos quase sempre não chegavam até a segunda feira, para assim serem consumidos na hora do café da manhã, a não ser que fosse feita uma prévia reserva de uma ou mais fatias com essa finalidade. Minha filha mais velha, uma formiguinha por natureza, que o diga. 

Será justo que os demais membros de minha família sejam privados de algo tão singelo e prazeroso para que eu não me sinta tentado a burlar o meu controle da glicose e então não venha a cometer esse ou qualquer outro tipo de exagero? (PRAZER DA CARNE). Sinceramente acho que não. Por outro lado, não posso esquecer que as minhas duas filhas têm por força da hereditariedade uma predisposição, mesmo que longínqua, de contrair a doença. “Que Deus as deixem fora DISSO”. Logo é muito salutar que elas, mesmo agora diante da plenitude de sua juventude, comecem a adotar hábitos e costumes bem mais saudáveis, que possam delegar-lhes uma longevidade e uma melhor qualidade de vida.

A conclusão dessa história é que definitivamente a mudança não acontece somente na minha vida, no meu corpo, mas na verdade todos os integrantes da família do DIABÉTICO são direta ou indiretamente, de uma forma ou de outra, afetados pelas causas e também pelos efeitos dessa “márdita” doença. Logo é muito importante que todos estejam atentos a tudo que diz respeito ao universo da mesma, de uma forma responsável e segura, sem estresse e pavores excessivos, para que isso não venha a se tornar uma nova fonte de sofrimento para todos.

Rodolfo Cerveira

PAU QUE DÁ EM CHICO DÁ EM FRANCISCO

Acredito firmemente que essas considerações que aqui serão feitas não devem interessar somente aos diabéticos ou as pessoas que convivem com ele, mas com certeza também a todas as outras pessoas, e você vai já entender melhor porque digo isso, então vamos lá, apesar de cada vez mais existirem mais pessoas que já nascem com essa doença, graças ao bom Deus eu não nasci diabético, assim como muitos outros, entretanto minha Avó materna e minha tia, irmã de minha mãe já eram diabéticas, logo a flecha da “MARDITA” desde o meu nascimento já estava “meio que apontada” para mim e para meus irmãos, (afinal os médicos costumam dizem que pode não ser hereditária mais ela pode ser familiar sim, ou seja, tem mais chance de você vir a ter a doença se alguém da sua vida familiar pregressa for portadora da mesma), na real o que quero dizer com isso; é que qualquer pessoa mais nova ou mais velha, em qualquer fase da vida deve sim se interessar por ter hábitos e atitudes mais saudáveis, para não pagar um preço alto com o sofrimento e as limitações causadas pelo DIABETES ou por qualquer outra doença crônica, você não concorda comigo? (CUIDADO E CANJA DE GALINHA PODEM NÃO FAZER BEM, MAS MAL TAMBÉM NÃO FAZEM). Logo hábitos alimentares saudáveis podem não ser a certeza do paraíso, do bem viver, mas descontroles e descasos com sua vida são comprovadamente o caminho mais curto para as doenças crônicas e para o sofrimento.

Veja bem o meu caso, hoje sou um indivíduo de 52 anos, tenho 1,84m de altura e peso 107 quilos, (SEGUNDO A MINHA ENDOCRILOGISTA SOU OBESO, confesso que quando ela pronunciou a seguinte frase “O Sr. tem duas enfermidades O DIABÉTES e a OBESIDADE”, não sei se ela percebeu, mas admito que fiquei bastante desconcertado, até mesmo ABORRECIDO, PUTO mesmo, pois não concordo com ela, afinal tenho consciência de que estou acima do meu peso ideal, mas daí a dizer que sou OBESO, cara isso mexeu comigo). Não sei ao certo, talvez eu esteja preso a definição de OBESO de uma pessoa bem maior, sei lá? bom vamos dizer que ela esta levando em consideração parâmetros médicos atuais muito rígidos, mas isso também é meramente uma questão de pontos de vista. 

De qualquer forma voltemos a minha história pregressa de quando eu tinha uma atividade física bem intensa, pois na minha juventude pratiquei Judô (3 anos), natação (02 anos) e a minha paixão Voleibol (por 6 anos), ininterruptamente, ou seja, fui mudando de esporte por descobrir o gosto pelo outro, logo posso dizer que fui um atleta que no auge de minha vida esportiva tinha 04 horas de atividade física intensa diária, sem falar nas intermináveis horas de prazer na piscina nos fins de semana fazendo o que? JOGANDO VOLEIBOL, bom eu pesava 84 quilos, não tinha sequer uma simples dor de cabeça, comia 03 vezes mais do que como hoje, (podia comer qualquer coisa e em grande quantidade próximo a hora de dormir que não tinha nenhum problema, eu dormia rápido – pode-se dizer que morria e renascia na manhã seguinte- afinal o cansaço era enorme e acordava inteiro, lógico sentindo as dores musculares comuns de quem tem uma atividade física intensa e regular, mas mesmo assim estava pronto para um outro dia ainda mais desgastante), - hoje não posso comer nada mais pesado duas horas antes de deitar senão já era, durmo mal e acabou a noite- mas é lógico que como gastava pelo menos 05 vezes mais energia do que gasto hoje, mesmo com o normal ganho de massa muscular decorrente do desenvolvimento adquirido, conseguia me manter no mesmo peso e assim foi até aos 21 anos época em que me formei em Arquitetura e parei com a atividade física regular, já que vieram as exigências da vida adulta, trabalho, trabalho e trabalho, (entenda bem uma coisa, na verdade não existe motivo que justifique essa interrupção, seja em que momento da vida isso aconteça, tudo bem vida de atleta o tempo todo não dá mesmo, as coisas realmente mudam. Eu sei as desculpas são muitas e variadas, falta tempo, falta dinheiro pra ir a uma academia, tem a estação das chuvas e etc e tal....Enfim o universo de desculpas é interminável, mas você precisa se conscientizar de que tudo na vida se resolve quando você estabelece prioridades, ou seja, sua vida, sua saúde é prioridade pra você? e olhe que digo isso com extremo conhecimento de causa, pois tudo isso pode e deve ser aplicado a minha própria vida, afinal vivo uma eterna tentativa de começar e principalmente manter uma rotina de caminhadas que vez por outra são interrompidas, é uma MERDA, com desculpa da palavra, mas é o que é).
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O tempo foi passando e aos 24 anos época em que me casei já estava com 96 quilos, ou seja, 12 a mais do que o peso que mantive dos 13 anos aos 21 anos período em que eu levava uma vida de atleta. Realidade cruel essa, você não acha? E veja só nessa época eu ainda conseguia manter nos fins de semana uma atividade física bem intensa na piscina, nas partidas de duplas de voleibol tão saudosas e nas tardes de sábado no futebol, que pra mim era sagrado, além das saídas noturnas em que minha paixão pela dança era exercitada ao extremo. Aproveito agora para fazer um precioso parêntese, até este instante de minha vida minha alimentação era baseada nos carboidratos (ARROZ, FEIJÃO, MACARRÃO, CARNE, FRANGO, PEIXE, FAROFA, BATATA, MACAXEIRA e etc...), muito pouca salada, algumas frutas e pouco legume, na verdade comecei a ter contato com uma alimentação mais saudável quando passei a conviver com a família de minha esposa, durante o nosso namoro, pois apesar de ser uma família de origem italiana, onde normalmente se consome bastante todo tipo de massa, queijo e alimentos normalmente com um alto teor de gordura, o pai dela era cardíaco, e já havia sido operado e em função dessa nova condição dele a alimentação da casa passou a ter menos sal, gordura e massa, sem entretanto deixar de ser muito saborosa. Enfim passou a ter bem mais qualidade, e essa realidade acabou me influenciando de tal forma que depois do meu casamento boa parte dessa cultura gastronômica foi introduzida na minha nova casa, e é claro foi conjugada a alguns elementos da minha origem.

O tempo foi passando e quando chequei aos 30 anos já estava com 105 quilos, digo pra você que nesse intervalo de tempo fiz várias incursões a academias de ginástica, com diferentes prazos de validade, 06 meses, 08 meses, meu recorde foram 10 meses, e por algum motivo eram interrompidas, mas confesso que academia nunca foi a minha praia, há não, é muito chato, mas nem por isso é menos necessário. Lembro bem que foi nessa época que li uma reportagem em que uma pesquisa médica trazia as seguintes informações: a partir dos 30 anos se hipoteticamente você conseguir manter a mesma ingestão calórica e o mesmo gasto calórico você deverá ganhar cerca de 3,5 quilos a cada 10 anos pelo simples fato de que o seu metabolismo passa a funcionar mais lentamente. Caramba o CORPO NÃO AJUDA, ou será o tempo é que não ajuda? Eis uma boa pergunta pra responder em uma mesa de bar (desde que seja sem açúcar, ok). O fato é que as coisas vão ficando mais complexas e difíceis, perder peso, ganhar tonicidade nos músculos, enfim a vida, o seu corpo vai mudando mais rapidamente do que você percebe. Isso não depende de nossa vontade.

Bem os dez anos seguintes foram de muito trabalho, mas muito prazerosos também, afinal quando eu completei 32 anos nasceu minha primogênita e aos 34 veio ao mundo a segunda filha e estes bebes foram muito desejados e amados em sua plenitude você pode ter certeza disso. Durante esse período houve momentos em que cheguei a pesar 115 quilos, mas ai acendia o alarme na minha cabeça e eu fazia um grande esforço para pelo menos voltar aos 105 quilos, se bem lembro isso aconteceu de duas a três vezes, não deixa de ser uma tremenda irresponsabilidade, fazer o quê? Na realidade até os 40 anos eu continuava com uma ótima saúde, sem nenhum sintoma de doença aparente, pensava eu né. Mas é ai que as coisas começam a mudar num belo dia fui a uma loja no shopping e não consegui ler as pequenas letrinhas na placa de venda do produto ora pesquisado, elas eram do tamanho das menores que você encontra nas listas telefônicas, então pensei, que SACANAGEM, até ontem eu lia esse TREM numa boa. 

Comecei a usar óculos pra perto, a chamada PRESBIOPIA (vulgarmente conhecida como VISTA CANSADA), Bom ai você começa a pensar como a vida é interessante, ela Poe se resumir a uma simples conta de somar e diminuir, quer dizer conforme você soma mais anos, fica mais velho, soma mais experiência e conhecimento, também soma mais intempéries (na forma de limitações e doenças ditas próprias da idade), afinal a conta do seu corpo físico parece estar sempre diminuindo, pois diminui a sua vitalidade, diminui a sua qualidade de vida, diminui o seu tempo de vida, diminui a sua capacidade de continuar vivendo de forma independente, enfim a forma como você encara isso, tomando consciência e agindo em prol do seu bem estar é que vai determinar o saldo dessa conta, se positivo ou negativo, é muito louco isso. Não é? 

Rodolfo S Cerveira  

A ACEITAÇÃO DA DOENÇA, O DIABETES CHEGOU PARA FICAR.



 Agora é fato o DIABETES chegou para ficar em minha vida, e portanto preciso seguir em frente e ai nesse instante começo a pensar que é imperioso mudar a minha cabeça, no início parece mais fácil do que realmente é, rápido, curto e grosso, fiz um novo planejamento para o resto de minha vida, começando por ir ao endocrinologista para criar uma nova dieta, inserir a atividade física em minha vida de forma rotineira e definitiva, abandonar velhos hábitos considerados nocivos tais como, aquela coca cola bem gelada que normalmente é acompanhada de um saboroso sanduíche ou de um gostoso salgado, deixar pra trás o costume de quando estar em uma padaria, farmácia ou outro estabelecimento congênere fazer aquela compra por impulso – já que o produto esta logo ali ao alcance da mão e porque não dizer ao alcance do coração - de um sonho de valsa, de um prestigio ou até mesmo de uma barra de 500g de chocolate(com relação a barra de chocolate preciso fazer um esclarecimento, me defender, pois minha esposa brinca comigo e diz que eu escondia o resto da barra de chocolate das minhas filhas, não é verdade eu sempre comprava duas, uma só pra mim e outra pra elas), deixar de consumir algumas guloseimas (por exemplo uma fruta chamada pupunha, doces, roscas, cocadas e etc), tudo que compõe o chamado PARAÍSO DO COMILÃO, que normalmente são comercializados nos sinais de trânsito de Belém, que para tal tenho no porta objetos da porta do meu carro o que eu chamo de bolsa de utilidades, composta de alguns itens que são muito úteis a um grande comedor de besteiras, que podem não fazer muito bem a saúde mas que de alguma forma fazem um bem enorme ao sujeito que as consome. Bem dito isso você percebe o tamanho da encrenca, para um sujeito que sempre foi um bom garfo como eu que adora outras guloseimas, a coisa realmente pegou.

Então vamos ao ENDOCRINOLOGISTA, meu caro(a) é uma verdadeira saga conseguir um profissional dessa área que seja bom, que você goste e se identifique com ele e que principalmente atenda ao seu plano de saúde, e quando achar tenha certeza de que é quase como se você tivesse ganho na LOTERIA. Brincadeiras a parte, essas longas jornadas, longas sim porque você espera muito para ser atendido, já que a sala de espera esta sempre muito cheia, mas como você sabe devemos extrair boas lições de todas as situações da vida, logo porque não se predispor a exercitar a boa convivência com os diferentes tipos de pessoas que ali se encontram, com idades, histórias de vida, maneiras de ver, de ser e aspirações inteiramente dispares, mas que por algum motivo estão ali reunidas e que com certeza podem me proporcionar um aprendizado bem interessante através das suas experiências de vida. Portanto o motivo específico de cada um, a causa pode até diferir, mas a essência da busca de todos é a mesma - a procura pela melhor qualidade de vida, pelo seu bem estar - no fundo como todos nós somos seres humanos, no nosso íntimo, desejamos que esse objetivo seja atingido com o menor esforço possível, a fim de evitarmos um sacrifício maior. 

Agora nem só de agruras vive uma sala de espera de um endocrinologista, isso não, há coisas engraçadas como por exemplo um casal de senhores com idades entre 65 e 70 anos, que eu poderia classificá-los de “bem sem vergonha”, explico melhor, eles declararam que comiam de tudo, o tempo todo, lembro bem que o Círio de Nazaré se aproximava e eles já estavam pensando na comilança que iriam promover em sua casa para receber os parentes, enfim os dois faziam esses exageros e nada sentiam, nenhum sintoma se apresentava, e eles só se preocupavam quando a taxa de glicose chegava a 500, a princípio me parecia uma enorme irresponsabilidade, na real só é, afinal eu estava altamente compenetrado, acabara de receber o diagnóstico e ainda estava muito verde nesse Universo, engatinhando por assim dizer. 

Mas foi ai que tomei o meu primeiro grande susto e fiz a primeira constatação importante, como eu só cheguei a uma taxa de glicose de 286 e senti que minha visão diminuiu um pouco (quando a glicose voltou ao normal a visão também voltou, amém), percebi que a doença também age diferente em cada um provocando causas diversas, mas especificamente no meu caso se eu me desse o desfrute dos citados senhores, muito provavelmente estaria em sérios apuros com a minha visão, imagino. Ai deu aquele chamado pavor só de pensar na possibilidade de perder a visão, é engraçado mais esses medos ainda estavam só começando e eu ainda teria muitas outras formas de senti-los. 

Saindo um pouco do universo puramente do diabético, vi também muitas pessoas que sofriam de obesidade, e nesse caso eu particularmente tenho uma teoria pra esse grupo de pessoas, me perdoem o pragmatismo exagerado, mas em tese eu costumo dizer que 90% dos obesos são sem vergonha, explico melhor o que eu quis dizer, comem muito, mais não admitem isso e chegam para o médico e para as demais pessoas e dizem que não sabem por que engordam, pois comem muito pouco. Eu que em boa parte da minha vida fui um gordinho e pior admito que tenho uma cabeça de gordo( o que vem a ser ainda pior, porque o gordo come com o olho, come sem fome, come sem vontade e até chega a sonhar com a comida, mesmo estando acordado, por favor não me entendam mal, não estou aqui detonando com os gordinhos de plantão, afinal estou falando de mim mesmo, lembra?), voltando a teoria, eu me incluo nos 5% dos gordinhos que assumem quando comem mais do que devem, quando faz as extravagâncias que quer, enfim quando faz uma “PUTA MERDA”, e que portanto assume sua responsabilidade nesse processo todo, beleza. Há ainda os 5% restantes, bem ai eu incluo aqueles indivíduos que tem problemas hormonais, ou de qualquer outra ordem médica, que não dependem somente de seu esforço, esses realmente são os que têm uma carga maior de sofrimento a ser superado. 

O que dizer então daqueles, que via de regra, são bem jovens, que não tem nenhum sintoma ou dor aparente, que são portadores de um tipo de diabetes mais agressivo, e se vêem obrigados a fazer uso diário de injeções de insulina, e que mesmo assim acabam abusando, levando uma vida bastante desregrada, sem nenhum controle sobre sua dieta, consumindo todo tipo de alimento e ou bebida, a grosso modo me parece que estão acelerando o processo de morte anunciada, mesmo que inconscientemente, sei lá é até difícil racionalizar esse fato, mas infelizmente eles não são poucos nem muito menos são a exceção, eis então um bom motivo para reflexão. 

Rodolfo S Cerveira
DESCRIÇÃO DO BLOG.

A proposta deste BLOG é trazer uma abordagem diferente sobre o diabetes, uma reflexão pessoal sobre as facetas dessa doença tão cruel, tentando mostrar a visão do doente, do indIvíduo para as outras pessoas e para o mundo com uma visão humanística e comportamental.

Pois tudo que se tem falado sobre o assunto ou tem o ponto vista de um médico, de um enfermeiro, de um cientista, ou mesmo de algum doente, mas sempre com uma abordagem pautada no conhecimento científico da doença em si.

A verdade nua e crua é que passei a fazer parte de um grupo, infelizmente cada dia maior de pessoas, que em determinado momento de sua existência bate literalmente de frente com essa DOENÇA, e a partir desse instante se vê obrigado a promover mudanças significativas em sua vida (mudar a alimentação, as atividades, os hábitos, enfim mudar a sua mentalidade, sua maneira de ver e fazer as coisas) para poder conviver e porque não dizer sobreviver com esta nova realidade,

Rodolfo S Cerveira