domingo, 2 de abril de 2017

AS PEQUENAS E AS GRANDES MUDANÇAS DE POSTURA NA VIDA DE UM DOENTE CRÔNICO



A vida é realmente muito interessante, verdadeiramente instigante sob todos os aspectos, com uma dinâmica muito acentuada, onde as mudanças de rumo e de prumo são sempre carregadas de muito envolvimento físico e espiritual do ser envolto na questão. Ao mesmo tempo que exerce um intenso fascínio sobre a humanidade pela sua complexidade, também carrega em sua essência uma simplicidade surpreendente. Talvez esse seja o grande mistério da vida dos seres “ditos humanos” que habitam esse espaço físico de onde vos falo, melhor dizendo de onde vos escrevo essa breve resenha.


Desde que nascemos as mudanças vão acontecendo sistematicamente, queiramos ou não, e só nos é dado o direito de reconhecê-las e incorporá-las ao nosso DIA A DIA, da melhor maneira que pudermos, sob pena de não nos encontrarmos no transcorrer desse processo. Mudanças pequenas, grandes, melhores, piores, desejadas, inesperadas, extemporâneas, superficiais, profundas, enfim um emaranhado de novas situações que nos deixam extasiados com a abundante oferta, mas que também nos deixam apreensivos acerca de como elas poderão influenciar no desenrolar de nossas existências.


O que dizer quando o anúncio que nos é feito diz respeito ao fato de estarmos diante de uma doença crônica incurável, como o diabetes, que a priori provoca inúmeras mudanças de vida, de comportamento, de reação e sobretudo de mentalidade em relação a própria vida e ao mundo que nos rodeia. É claro que não se trata de uma sentença de morte, - se bem que se não for levada a sério pode muito bem vir a ser – mas que causa um grande impacto (é uma PUTA PORRADA), no nosso “estômago”, em todo o nosso ser.


Não só as grandes transformações são muito sentidas por nós, mas acredito que as pequenas também tem um significativo potencial de desgaste e de sofrimento que vai nos afetando dia após dia e consequentemente vai diminuindo o espectro do chamado PRAZER DE VIVER. Para tentar materializar essa questão, vou recorrer a uma situação de minha NAÕ TÃO DOCE VIDA, que diz respeito ao fato de que já há algum tempo tenho na porta de meu carro uma certa bolsa de utilidades, contendo vários itens tais como: cortador de unha, fio dental, escova de dentes, pasta de dentes, lenços de papel, um recipiente com água, uma colônia, guardanapos, palito de dente, tesoura, alicate de unha, uma pequena lanterna, um pequeno canivete multi uso, enfim uma série de coisas que basicamente me auxiliavam nas mais diversas necessidades e apuros aos quais a vida moderna nos submete. Particularmente no exercício de uma atividade extremamente prazerosa, o consumo de guloseimas (roscas, beijo de moça, uma boa cocada, biscoitos de amendoim, especificamente na cidade de Belém do Pará - o consumo de frutas muito saborosas, como a pupunha e o jambo - e outras “cositas mais”), que normalmente são comercializadas nos semáforos das grandes cidades brasileiras. A redução drástica dessa atividade, até mesmo sua quase extinção, que não deixa de ser apenas uma singela modificação 


comportamental, causou uma significativa perda na minha percepção de prazer global.
Diante de tudo que foi dito é preciso estarmos sempre atentos para o fato de que toda e qualquer mudança e ou transformação pelas quais sejamos expostos, principalmente quando é proporcionada por eventos alheios a nossa vontade, por menor que seja, acaba influenciando positiva ou negativamente no desenrolar de nossas vidas, e o melhor gerenciamento dessa influência e das consequências desse processo depende muito mais de cada um de nós do que do das outras pessoas ou até mesmo do universo em que estamos inseridos. É importante refletir sobre essa questão.


Rodolfo S Cerveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário