sexta-feira, 21 de abril de 2017

A PÁSCOA DE UM DIABÉTICO, COM OU SEM O CHOCOLATE E AS DEMAIS GULOSEIMAS



O ovo é uma tradição antiga que surgiu antes de Cristo. Na Europa, as pessoas trocavam ovos no Equinócio de 21 de março para celebrar o fim do inverno e o início da primavera. Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, o costume da troca de ovos foi incorporado a Semana Santa, pois os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo. Naquele momento as pessoas trocavam ovos de galinha decorados, e a tradição dos ovos de chocolate surgiu na França, e a partir do século XIX, os ovos doces tomaram conta da comemoração. Já a tradição do Coelho da Páscoa é algo mais recente, surgiu no século XVI, na Alemanha. O animal foi associado à Páscoa porque se reproduz rapidamente e simboliza fertilidade e vida nova.


A Páscoa tem realmente um significado muito maior do que qualquer credo ou religião, do que qualquer ideologia ou pensamento teológico em particular, afinal é um símbolo de renascimento do amor entre os seres humanos, ou pelo menos deveria ser, penso eu! Trata-se de uma bela chance que a humanidade tem para reavaliar suas posturas e ideias acerca do que vem a ser o mistério da vida por si só, o amor ao próximo em sua essência, de perceber a capacidade de doação que cada um de nós tem e muitas vezes nem se dá conta disso, enfim é uma ocasião única, carregada de magia e significados especiais, que todos nós precisamos aprender a valorizar e celebrar com maior dignidade e respeito aos preceitos da vida assim como tal a conhecemos.


Há pouco mais de dez anos, a Páscoa adquiriu para mim um sentido ainda mais forte de renovação da vida, pois em uma terça feira, prenúncio de uma Semana Santa, recebi o diagnóstico de que minha filha mais nova estava com dengue e em função disso teve que ser internada em caráter emergencial em um hospital. Foram dias muito difíceis de tamanha incerteza e medo, pois ao ver minha filha extremamente fragilizada, sem conseguir se alimentar, só contando com o soro, a possibilidade de perdê-la esteve me assediando muito fortemente, e também porque percebi nas entrelinhas dos médicos que se tratava de uma dengue hemorrágica. Não preciso descrever o tamanho do meu PAVOR, mesmo porque não saberia fazê-lo. Mas o importante a ser dito é que no domingo, naquela páscoa, recebi o melhor presente de páscoa da minha vida, ela melhorou e recebeu alta. Lembro-me bem, pois jamais conseguirei esquecer da cena, pois quando chegamos em casa e após a acomodá-la no quarto, sentei-me na poltrona da sala e cai num choro incontrolável, verdadeiramente libertador, que poderia muito bem ser traduzido por uma mistura de sentimentos muito extensa: alegria, FÉ, tristeza, gratidão, alívio, extrema felicidade, enfim um “mix” de sensações que efetivamente me derrubaram e ao mesmo tempo me puseram novamente de pé, na verdade eu diria que foi uma “viagem rápida, mas com extrema intensidade”, que graças ao bom Deus terminou bem.


Vencida essa enorme provação, algum tempo depois eis que aparece em minha vida, o diabetes, PORRA, que inferno, principalmente para um chocolatra inveterado como eu. Pois se normalmente eu já consumia bastante chocolate, durante a páscoa o “Chocolatômetro de plantão” batia lá em cima, com certeza. Fazer o quê, como diria uma expressão consagrada por uma comediante global, “isso não te pertence mais”, é um fato inexorável e irrefutável, mas nem por isso deixa de ser cruel, muito CRUEL. Brincadeiras à parte, também não é tão indispensável assim o consumo de um bom chocolate, seja na páscoa ou em qualquer época do ano, dá sim pra continuar levando a vida sem ele, quer dizer uma pequena transgressão esporádica, principalmente na páscoa, deve ser permitida. Por outro lado consumir o chamado chocolate diet ou sem açúcar é algo inimaginável, é muito ruim, é uma “bosta”, é como comer uma banana sem tirar a casca, é com certeza algo que não será agregado a minha rotina, “jamé, never!”. Vale lembrar ainda que nem só de chocolate se faz a mesa de um domingo de páscoa, afinal há muitas outras guloseimas que assombram um pobre diabético, e que fazem deste um dia de muitas provações a serem vencidas. Então que venham as delícias da vez, mas sem exageros, combinado?
Só para fechar essa breve resenha gostaria de reforçar que na minha humilde opinião, a páscoa é verdadeiramente muito especial, é uma época de renascimento, de renovação do nosso espírito, do nosso EU interior, ou pelo menos poderia e ou deveria ser, afinal é uma ótima oportunidade para tal, “Non é vero?”

Saudações!



Rodolfo S Cerveira

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