sábado, 8 de abril de 2017

A DOCE, PORÉM MUITAS VEZES NÃO TÃO DOCE CASA DA VOVÓ



Feliz daquele que tem uma boa lembrança da “CASA DA VOVÓ” e do vovô também, é bom que se diga. Porque será que muitas dessas expressões foram “cunhadas” sempre na figura da mulher, será porque o nosso apelo materno é sempre mais forte, mais próximo? Na verdade isso é o que menos importa, pois o fato mais relevante é a extrema significação que a “Casa dos nossos avós”, tem na vida de muitos de nós.

A magia dessa casa e principalmente da figura de seus ocupantes, as histórias que nos foram contadas, as lições passadas, as experiências e conselhos que nos foram carinhosamente transferidos, são parte do legado mais importante do nosso arcabouço de vida que carregaremos por toda a nossa breve passagem por aqui. É o precioso complemento e por que não dizer o reforço de todo o manancial de ensinamentos que nossos pais nos passaram. É a essência do que somos.

A longevidade própria dos nossos dias tem nos possibilitado uma convivência um pouco mais densa e quantitativa com os nossos queridos entes, mas nem sempre com uma qualidade satisfatória, pois na mesma proporção a nossa correria, digo melhor a pressa com que levamos a vida, muitas vezes nos leva para a antítese do que poderia ser a “qualidade total” em termos de relacionamento. Portanto investir verdadeiramente no enriquecimento dessa relação é primordial para melhorar o grau de crescimento dos “seres humanos” que somos e principalmente dos que por ventura queiramos vir a nos tornar.

A herança genética que recebemos tem bastante relevância na nossa formação, na nossa formatação como “seres ditos humanos”, na medida em que carregamos uma série de genes e características próprias dos nossos antecessores, estando eles mais próximos ou não na linha de antecessão. Neste sentido não podemos deixar de mencionar as chamadas “heranças malditas”, que independente da vontade, e com toda a certeza contra a vontade de todos, são transmitidas de geração a geração. Estamos falando é claro, de um grande manancial de moléstias e doenças de toda a ordem, que queríamos ou não nos afetam de forma muito intensa e podem nos causar tamanho sofrimento. Por outro lado são também traços e características muito particulares e próprios de cada árvore genealógica, de cada família, assim sendo são também elementos importantes na configuração dessa estrutura tão especial e única, e por conseguinte não podem ser ignorados, jamais.

No meu caso específico, o “sinal de fogo” do diabetes mais próximo era a minha não menos querida avó materna, que com certeza merece sim um belo parêntese, afinal era uma pequena mulher se considerado o seu minúsculo tamanho, seu porte físico, seu pé tamanho 33, mas por outro lado era uma enorme, gigante mulher se observada a sua extrema determinação e força para enfrentar e vencer os desafios que a vida lhe impôs, para viver em um Brasil extremamente preconceituoso e machista de 70 anos atrás, criar quatro filhas, sem um companheiro e sem um emprego fixo, uma mulher realmente admirável. Quisera eu ter HERDADO dela, metade de sua força e capacidade de enfrentar os desafios e agruras da vida.

De toda a sorte, o conhecimento e a perfeita integração com essa parte da nossa vida, com a nossa história pregressa, é fundamental para que possamos entender as nossas origens, de onde viemos, o que somos, porque somos e para onde queremos e poderemos ir. Portanto não há como ignorar esse imenso patrimônio afetivo que temos a nosso dispor e que nem sempre fazemos um bom uso dele.


Rodolfo S Cerveira

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