sábado, 18 de março de 2017

O RESTO DA NOSSA VIDA PÓS ASSALTO, PÓS VIOLÊNCIA.



Tempos estranhos e insanos os que vivemos, diariamente somos submetidos, mesmo que à distância, a um turbilhão de fatos e situações que nos desnorteiam, literalmente nos tiram do prumo. Somos bombardeados pelas mais diversas formas de mídias disponíveis de informações recorrentes sobre as várias modalidades de violência urbana que nos assolam, e infelizmente ou felizmente começamos a vê-los com uma certa dose de banalidade, de normalidade. Nossa que loucura! Quando esses acontecimentos chegam mais perto de nós, quando somos parte do ato e sentimos sua face mais palpável, real e tremendamente assustadora. Sensações e sentimentos altamente contraditórios e perturbadores acabam povoando nossos seres, nossos corações de uma maneira muito intensa, causando danos significativos, muitas vezes irreparáveis.


Peço mais uma vez desculpas, pois preciso complementar o assunto “ASSALTO”, que foi o tema do post anterior, para exorcizá-lo, e depois seguir em frente e deixá-lo para trás. Na verdade o pós-evento, a chamada “ressaca” do mesmo é mais intensa e extensa do que se imagina, suas implicações e consequências provavelmente jamais serão esquecidas, mesmo que o tempo diminua sua intensidade. O fato real e indiscutível é que a partir dele e pro resto de sua vida, me permitam a licença poética, seus pensamentos, suas reações, seus atos serão bastante influenciados pelo acontecido. É essa sem dúvida nenhuma a face mais danosa do evento, as feridas mais profundas que foram abertas e “quiça” jamais serão fechadas, curadas.


Desde que me tornei um doente crônico, um diabético, mesmo sem querer, mesmo que inconscientemente, vez por outra tenho que lidar com o receio da simples possibilidade de uma morte precoce causada pela referida doença, ou mesmo de uma perda significativa da qualidade de vida em função do progresso da mesma, afinal sou um mero ser humano, com toda a carga de imperfeições inerentes a minha condição. È uma situação plenamente factível, afinal todos nós somos povoados de medos e aflições - que por sinal também já foi assunto de um post anterior deste blog - e precisamos aprender a conviver com todos eles de uma forma mais harmônica, para podermos resgatar e resguardar o nosso BEM VIVER.


Pode parecer loucura você ter que admitir que é muito mais saudável para sua saúde mental que o medo pela morte precoce em decorrência da ação da doença seja bem mais palatável e aceitável do que a possibilidade de sucumbir a um dos episódios de violência tão comuns, mas nem por isso não menos absurdos e assustadores do mundo (DA SELVA) em que vivemos. Na verdade essa nossa incapacidade de lidar com esses medos é muito preocupante, pode-se dizer verdadeiramente paralizante, na medida em que nos leva para um terreno muito pantanoso, de difícil transposição, gerando ainda mais medo, contribuindo para que a roda continue girando, se retroalimentando. Portanto é preciso agir, reagir, é preciso aprender a sobreviver a essa enorme gama de ataques, de problemas e de inconsistências que somos expostos nesse nosso MUNDO CÃO. “C’est La Vie”.



Rodolfo S Cerveira

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