sexta-feira, 28 de abril de 2017

A IMPORTÂNCIA DA MAGIA NA VIDA DE UM SER HUMANINHO


Inegavelmente a paixão é um ingrediente indispensável no processo do “BEM FAZER” do ser dito por muitos “humano”, e por sinal ela já foi tema de um artigo anterior deste blog. Agora quando conseguimos exercitar, digo melhor quando fazemos algo em que a paixão é empregada em sua plenitude, com toda a nossa força e verdade, vez por outra conseguimos atingir um algo mais, ainda mais especial, que é a MAGIA. Não há como confundir “pau é pau e pedra é pedra”, paixão é paixão e magia é magia, mas como ter paixão sem ter magia?


Na verdade a magia é algo que independe de nós, de nossa vontade, de nossos atos, é algo que caminha ao largo de nossa existência, dando o ar de sua graça somente em alguns momentos aleatórios, sem que possamos muitas vezes perceber a sua real extensão e abrangência. Talvez este seja o grande segredo e a real beleza dela própria, sua capacidade de se reinventar, de aparecer e reaparecer em raros momentos, tornando-os ainda mais especiais.


Há inúmeros momentos de nossas vidas que nos deparamos e realmente temos a condição de apreciar alguns momentos verdadeiramente mágicos e muitas vezes nem nos damos conta disso. O que dizer por exemplo, do primeiro e dos vários abraços que recebemos dos nossos pais ao longo da nossa vida, do primeiro beijo com o ser amado, do primeiro de muitos sorrisos de um filho recém-nascido, das primeiras palavras proferidas pelo mesmo, do primeiro dia de aula, do dia do seu aniversário, das vitórias de um filho, daquele lance maravilhoso do jogo que tanto gostamos, do prazer em degustar uma boa refeição . Enfim são incontáveis situações que carregam no seu “DNA” uma magia intrínseca e genuína, mas que nem sempre estamos atentos e receptivos às sensações por elas provocadas.


O fato do diabetes ser uma doença incurável, porém “não mortal”, pode muito bem ser considerado como algo MÁGICO, fantástico, concorda comigo? Afinal apesar de se tornar uma companheira inseparável, se bem controlada, ela até poderá vir a ser um fator preponderante de transformação da nossa qualidade de vida, nos levando a patamares ainda mais significativos, impensáveis em outros tempos. Funciona como uma segunda chance, com direito a pensar e refletir sobre tudo e redefinir a vida a partir desse instante, dessa nova realidade. É verdadeiramente a magia da vida, do processo de renovação da mesma, logo como não se apropriar de tamanha carga de bons fluídos envolvidos nesse processo.


Talvez nossa extrema necessidade de correr, de alcançar um algo mais, de estarmos sempre em busca de um novo objetivo, de uma nova meta, do nosso excesso de pragmatismo, tenha nos privado de identificar e mesmo de reconhecer a magia que há em vários momentos de nossas vidas, momentos simples, porém raros que muitas vezes passam despercebidos, e não conseguimos entronizar sua grandeza e significação no contexto de nossa mera existência. Na verdade são situações únicas, que costumo classificá-las como mágicas, pois se não fizermos um esforço para apreciá-las em sua plenitude, jamais teremos uma segunda chance, pois elas não se repetirão, não do mesmo jeito, da mesma forma, pois as condicionantes serão outras, logo poderão até ser semelhantes, mas nunca serão as mesmas. Então não devemos deixar o “cavalo selado passar na nossa frente, sem que tenhamos a real condição de montá-lo e seguir em frente”.



Rodolfo S. Cerveira

sexta-feira, 21 de abril de 2017

A PÁSCOA DE UM DIABÉTICO, COM OU SEM O CHOCOLATE E AS DEMAIS GULOSEIMAS



O ovo é uma tradição antiga que surgiu antes de Cristo. Na Europa, as pessoas trocavam ovos no Equinócio de 21 de março para celebrar o fim do inverno e o início da primavera. Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, o costume da troca de ovos foi incorporado a Semana Santa, pois os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo. Naquele momento as pessoas trocavam ovos de galinha decorados, e a tradição dos ovos de chocolate surgiu na França, e a partir do século XIX, os ovos doces tomaram conta da comemoração. Já a tradição do Coelho da Páscoa é algo mais recente, surgiu no século XVI, na Alemanha. O animal foi associado à Páscoa porque se reproduz rapidamente e simboliza fertilidade e vida nova.


A Páscoa tem realmente um significado muito maior do que qualquer credo ou religião, do que qualquer ideologia ou pensamento teológico em particular, afinal é um símbolo de renascimento do amor entre os seres humanos, ou pelo menos deveria ser, penso eu! Trata-se de uma bela chance que a humanidade tem para reavaliar suas posturas e ideias acerca do que vem a ser o mistério da vida por si só, o amor ao próximo em sua essência, de perceber a capacidade de doação que cada um de nós tem e muitas vezes nem se dá conta disso, enfim é uma ocasião única, carregada de magia e significados especiais, que todos nós precisamos aprender a valorizar e celebrar com maior dignidade e respeito aos preceitos da vida assim como tal a conhecemos.


Há pouco mais de dez anos, a Páscoa adquiriu para mim um sentido ainda mais forte de renovação da vida, pois em uma terça feira, prenúncio de uma Semana Santa, recebi o diagnóstico de que minha filha mais nova estava com dengue e em função disso teve que ser internada em caráter emergencial em um hospital. Foram dias muito difíceis de tamanha incerteza e medo, pois ao ver minha filha extremamente fragilizada, sem conseguir se alimentar, só contando com o soro, a possibilidade de perdê-la esteve me assediando muito fortemente, e também porque percebi nas entrelinhas dos médicos que se tratava de uma dengue hemorrágica. Não preciso descrever o tamanho do meu PAVOR, mesmo porque não saberia fazê-lo. Mas o importante a ser dito é que no domingo, naquela páscoa, recebi o melhor presente de páscoa da minha vida, ela melhorou e recebeu alta. Lembro-me bem, pois jamais conseguirei esquecer da cena, pois quando chegamos em casa e após a acomodá-la no quarto, sentei-me na poltrona da sala e cai num choro incontrolável, verdadeiramente libertador, que poderia muito bem ser traduzido por uma mistura de sentimentos muito extensa: alegria, FÉ, tristeza, gratidão, alívio, extrema felicidade, enfim um “mix” de sensações que efetivamente me derrubaram e ao mesmo tempo me puseram novamente de pé, na verdade eu diria que foi uma “viagem rápida, mas com extrema intensidade”, que graças ao bom Deus terminou bem.


Vencida essa enorme provação, algum tempo depois eis que aparece em minha vida, o diabetes, PORRA, que inferno, principalmente para um chocolatra inveterado como eu. Pois se normalmente eu já consumia bastante chocolate, durante a páscoa o “Chocolatômetro de plantão” batia lá em cima, com certeza. Fazer o quê, como diria uma expressão consagrada por uma comediante global, “isso não te pertence mais”, é um fato inexorável e irrefutável, mas nem por isso deixa de ser cruel, muito CRUEL. Brincadeiras à parte, também não é tão indispensável assim o consumo de um bom chocolate, seja na páscoa ou em qualquer época do ano, dá sim pra continuar levando a vida sem ele, quer dizer uma pequena transgressão esporádica, principalmente na páscoa, deve ser permitida. Por outro lado consumir o chamado chocolate diet ou sem açúcar é algo inimaginável, é muito ruim, é uma “bosta”, é como comer uma banana sem tirar a casca, é com certeza algo que não será agregado a minha rotina, “jamé, never!”. Vale lembrar ainda que nem só de chocolate se faz a mesa de um domingo de páscoa, afinal há muitas outras guloseimas que assombram um pobre diabético, e que fazem deste um dia de muitas provações a serem vencidas. Então que venham as delícias da vez, mas sem exageros, combinado?
Só para fechar essa breve resenha gostaria de reforçar que na minha humilde opinião, a páscoa é verdadeiramente muito especial, é uma época de renascimento, de renovação do nosso espírito, do nosso EU interior, ou pelo menos poderia e ou deveria ser, afinal é uma ótima oportunidade para tal, “Non é vero?”

Saudações!



Rodolfo S Cerveira

sábado, 15 de abril de 2017

A IMPORTÂNCIA DA PROXIMIDADE E DO CARINHO DA FAMÍLIA NA VIDA DE UM DOENTE CRÔNICO



O apoio da família é essencial em todos os momentos de nossas vidas, porém essa verdade é ainda mais contundente e irrefutável quando passamos de uma hora para outra, a sermos portadores de uma moléstia crônica. No instante em que essa “chave é ligada”, em que tomamos consciência de que esta é uma realidade imutável, somos impingidos a perceber que muitos dos nossos valores, muitas coisas que até então valorizamos em demasia, na verdade não tem tamanha relevância assim, e verdadeiramente passamos a enxergar o real valor da nossa família, daqueles que mais amamos e quem mais nos amam.


É impressionante a nossa incapacidade de lidar com certas situações, a nossa fragilidade no trato com as nossas emoções, no trato e destrato com as coisas mais banais do nosso DIA A DIA. O Processo de busca cada vez mais insano pela qualidade de vida e pela felicidade tem nos sido muito caro, nos legado uma série de sequelas de toda a ordem, sejam físicas, psicológicas, psíquicas, outras até então indefinidas, ditas próprias do mundo moderno, enfim um emaranhado de consequências danosas a nossa breve existência por aqui.


E dessa forma continuamos presos à mesma roda, e ela continua girando, e vamos passando pela vida, sem que a vida passe verdadeiramente por nós. Então em um determinado momento de nossas vidas surge um fato novo, somos informados de um problema grave, uma doença crônica se instala em nosso corpo, em nossas entranhas. É o fim do mundo, não, não é o FIM DO MUNDO, não pode ser! Na verdade por mais paradoxal que possa parecer é o reinício da nossa vida, é o reinício do “nosso Mundo”, é a chance que nos foi dada de realinhar nossa cabeça e nosso espírito, recuperando e renovando o nosso corpo, de forma a restaurar a nossa tríade fundamental.


Sem sombra de dúvidas não conseguiríamos sequer sair do ponto de partida desse processo sem o apoio e o amor da nossa família, afinal ela á nossa base, é o alicerce mais seguro e precioso que temos. Então porque em vários momentos acabamos conscientemente ou não nos afastando dela, relegando-a a um segundo plano, dando mais importância a outros fatores como trabalho, profissão, bens materiais, posição na sociedade e etc. Que espécie de seres tão imperfeitos e tão complexos, nós somos, seres ditos “humanos”. Será que efetivamente somos merecedores dessa designação?


Não seria muito mais fácil e lógico se sempre mantivéssemos esse NORTE, essa perspectiva de vida, se sempre estivéssemos voltados para as coisas que realmente tem valor pra nós. Porque será que temos que dar tamanha volta para chegar ao ponto de partida, ao ponto crucial de nossa existência, a nossa origem, ao nosso DNA. Afinal a família é a célula embrionária mais importante daquilo que conhecemos como sociedade humana, que por sua vez povoa o mundo que vivemos. Será que somos tão “rasos” e tão incongruentes assim, que carecemos de um “reles grão” de sabedoria que nos possibilite parar de perder tanto tempo com subterfúgios e bobagens inteiramente irrelevantes, que via de regra, só nos traz dissabores e sofrimentos. Que MERDA de seres nós somos afinal?



Rodolfo S Cerveira

sábado, 8 de abril de 2017

A DOCE, PORÉM MUITAS VEZES NÃO TÃO DOCE CASA DA VOVÓ



Feliz daquele que tem uma boa lembrança da “CASA DA VOVÓ” e do vovô também, é bom que se diga. Porque será que muitas dessas expressões foram “cunhadas” sempre na figura da mulher, será porque o nosso apelo materno é sempre mais forte, mais próximo? Na verdade isso é o que menos importa, pois o fato mais relevante é a extrema significação que a “Casa dos nossos avós”, tem na vida de muitos de nós.

A magia dessa casa e principalmente da figura de seus ocupantes, as histórias que nos foram contadas, as lições passadas, as experiências e conselhos que nos foram carinhosamente transferidos, são parte do legado mais importante do nosso arcabouço de vida que carregaremos por toda a nossa breve passagem por aqui. É o precioso complemento e por que não dizer o reforço de todo o manancial de ensinamentos que nossos pais nos passaram. É a essência do que somos.

A longevidade própria dos nossos dias tem nos possibilitado uma convivência um pouco mais densa e quantitativa com os nossos queridos entes, mas nem sempre com uma qualidade satisfatória, pois na mesma proporção a nossa correria, digo melhor a pressa com que levamos a vida, muitas vezes nos leva para a antítese do que poderia ser a “qualidade total” em termos de relacionamento. Portanto investir verdadeiramente no enriquecimento dessa relação é primordial para melhorar o grau de crescimento dos “seres humanos” que somos e principalmente dos que por ventura queiramos vir a nos tornar.

A herança genética que recebemos tem bastante relevância na nossa formação, na nossa formatação como “seres ditos humanos”, na medida em que carregamos uma série de genes e características próprias dos nossos antecessores, estando eles mais próximos ou não na linha de antecessão. Neste sentido não podemos deixar de mencionar as chamadas “heranças malditas”, que independente da vontade, e com toda a certeza contra a vontade de todos, são transmitidas de geração a geração. Estamos falando é claro, de um grande manancial de moléstias e doenças de toda a ordem, que queríamos ou não nos afetam de forma muito intensa e podem nos causar tamanho sofrimento. Por outro lado são também traços e características muito particulares e próprios de cada árvore genealógica, de cada família, assim sendo são também elementos importantes na configuração dessa estrutura tão especial e única, e por conseguinte não podem ser ignorados, jamais.

No meu caso específico, o “sinal de fogo” do diabetes mais próximo era a minha não menos querida avó materna, que com certeza merece sim um belo parêntese, afinal era uma pequena mulher se considerado o seu minúsculo tamanho, seu porte físico, seu pé tamanho 33, mas por outro lado era uma enorme, gigante mulher se observada a sua extrema determinação e força para enfrentar e vencer os desafios que a vida lhe impôs, para viver em um Brasil extremamente preconceituoso e machista de 70 anos atrás, criar quatro filhas, sem um companheiro e sem um emprego fixo, uma mulher realmente admirável. Quisera eu ter HERDADO dela, metade de sua força e capacidade de enfrentar os desafios e agruras da vida.

De toda a sorte, o conhecimento e a perfeita integração com essa parte da nossa vida, com a nossa história pregressa, é fundamental para que possamos entender as nossas origens, de onde viemos, o que somos, porque somos e para onde queremos e poderemos ir. Portanto não há como ignorar esse imenso patrimônio afetivo que temos a nosso dispor e que nem sempre fazemos um bom uso dele.


Rodolfo S Cerveira

domingo, 2 de abril de 2017

AS PEQUENAS E AS GRANDES MUDANÇAS DE POSTURA NA VIDA DE UM DOENTE CRÔNICO



A vida é realmente muito interessante, verdadeiramente instigante sob todos os aspectos, com uma dinâmica muito acentuada, onde as mudanças de rumo e de prumo são sempre carregadas de muito envolvimento físico e espiritual do ser envolto na questão. Ao mesmo tempo que exerce um intenso fascínio sobre a humanidade pela sua complexidade, também carrega em sua essência uma simplicidade surpreendente. Talvez esse seja o grande mistério da vida dos seres “ditos humanos” que habitam esse espaço físico de onde vos falo, melhor dizendo de onde vos escrevo essa breve resenha.


Desde que nascemos as mudanças vão acontecendo sistematicamente, queiramos ou não, e só nos é dado o direito de reconhecê-las e incorporá-las ao nosso DIA A DIA, da melhor maneira que pudermos, sob pena de não nos encontrarmos no transcorrer desse processo. Mudanças pequenas, grandes, melhores, piores, desejadas, inesperadas, extemporâneas, superficiais, profundas, enfim um emaranhado de novas situações que nos deixam extasiados com a abundante oferta, mas que também nos deixam apreensivos acerca de como elas poderão influenciar no desenrolar de nossas existências.


O que dizer quando o anúncio que nos é feito diz respeito ao fato de estarmos diante de uma doença crônica incurável, como o diabetes, que a priori provoca inúmeras mudanças de vida, de comportamento, de reação e sobretudo de mentalidade em relação a própria vida e ao mundo que nos rodeia. É claro que não se trata de uma sentença de morte, - se bem que se não for levada a sério pode muito bem vir a ser – mas que causa um grande impacto (é uma PUTA PORRADA), no nosso “estômago”, em todo o nosso ser.


Não só as grandes transformações são muito sentidas por nós, mas acredito que as pequenas também tem um significativo potencial de desgaste e de sofrimento que vai nos afetando dia após dia e consequentemente vai diminuindo o espectro do chamado PRAZER DE VIVER. Para tentar materializar essa questão, vou recorrer a uma situação de minha NAÕ TÃO DOCE VIDA, que diz respeito ao fato de que já há algum tempo tenho na porta de meu carro uma certa bolsa de utilidades, contendo vários itens tais como: cortador de unha, fio dental, escova de dentes, pasta de dentes, lenços de papel, um recipiente com água, uma colônia, guardanapos, palito de dente, tesoura, alicate de unha, uma pequena lanterna, um pequeno canivete multi uso, enfim uma série de coisas que basicamente me auxiliavam nas mais diversas necessidades e apuros aos quais a vida moderna nos submete. Particularmente no exercício de uma atividade extremamente prazerosa, o consumo de guloseimas (roscas, beijo de moça, uma boa cocada, biscoitos de amendoim, especificamente na cidade de Belém do Pará - o consumo de frutas muito saborosas, como a pupunha e o jambo - e outras “cositas mais”), que normalmente são comercializadas nos semáforos das grandes cidades brasileiras. A redução drástica dessa atividade, até mesmo sua quase extinção, que não deixa de ser apenas uma singela modificação 


comportamental, causou uma significativa perda na minha percepção de prazer global.
Diante de tudo que foi dito é preciso estarmos sempre atentos para o fato de que toda e qualquer mudança e ou transformação pelas quais sejamos expostos, principalmente quando é proporcionada por eventos alheios a nossa vontade, por menor que seja, acaba influenciando positiva ou negativamente no desenrolar de nossas vidas, e o melhor gerenciamento dessa influência e das consequências desse processo depende muito mais de cada um de nós do que do das outras pessoas ou até mesmo do universo em que estamos inseridos. É importante refletir sobre essa questão.


Rodolfo S Cerveira