Inegavelmente a paixão é um ingrediente indispensável no
processo do “BEM FAZER” do ser dito por muitos “humano”, e por sinal ela já foi
tema de um artigo anterior deste blog. Agora quando conseguimos exercitar, digo
melhor quando fazemos algo em que a paixão é empregada em sua plenitude, com
toda a nossa força e verdade, vez por outra conseguimos atingir um algo mais,
ainda mais especial, que é a MAGIA. Não há como confundir “pau é pau e pedra é
pedra”, paixão é paixão e magia é magia, mas como ter paixão sem ter magia?
Na verdade a magia é algo que independe de nós, de nossa
vontade, de nossos atos, é algo que caminha ao largo de nossa existência, dando
o ar de sua graça somente em alguns momentos aleatórios, sem que possamos muitas
vezes perceber a sua real extensão e abrangência. Talvez este seja o grande
segredo e a real beleza dela própria, sua capacidade de se reinventar, de
aparecer e reaparecer em raros momentos, tornando-os ainda mais especiais.
Há inúmeros momentos de nossas vidas que nos deparamos e
realmente temos a condição de apreciar alguns momentos verdadeiramente mágicos
e muitas vezes nem nos damos conta disso. O que dizer por exemplo, do primeiro e
dos vários abraços que recebemos dos nossos pais ao longo da nossa vida, do
primeiro beijo com o ser amado, do primeiro de muitos sorrisos de um filho
recém-nascido, das primeiras palavras proferidas pelo mesmo, do primeiro dia de
aula, do dia do seu aniversário, das vitórias de um filho, daquele lance
maravilhoso do jogo que tanto gostamos, do prazer em degustar uma boa refeição .
Enfim são incontáveis situações que carregam no seu “DNA” uma magia intrínseca
e genuína, mas que nem sempre estamos atentos e receptivos às sensações por elas provocadas.
O fato do diabetes ser uma doença incurável, porém “não
mortal”, pode muito bem ser considerado como algo MÁGICO, fantástico, concorda
comigo? Afinal apesar de se tornar uma companheira inseparável, se bem
controlada, ela até poderá vir a ser um fator preponderante de transformação da
nossa qualidade de vida, nos levando a patamares ainda mais significativos,
impensáveis em outros tempos. Funciona como uma segunda chance, com direito a
pensar e refletir sobre tudo e redefinir a vida a partir desse instante, dessa
nova realidade. É verdadeiramente a magia da vida, do processo de renovação da
mesma, logo como não se apropriar de tamanha carga de bons fluídos envolvidos
nesse processo.
Talvez nossa extrema necessidade de correr, de alcançar
um algo mais, de estarmos sempre em busca de um novo objetivo, de uma nova
meta, do nosso excesso de pragmatismo, tenha nos privado de identificar e mesmo
de reconhecer a magia que há em vários momentos de nossas vidas, momentos
simples, porém raros que muitas vezes passam despercebidos, e não conseguimos
entronizar sua grandeza e significação no contexto de nossa mera existência. Na
verdade são situações únicas, que costumo classificá-las como mágicas, pois se
não fizermos um esforço para apreciá-las em sua plenitude, jamais teremos uma
segunda chance, pois elas não se repetirão, não do mesmo jeito, da mesma forma,
pois as condicionantes serão outras, logo poderão até ser semelhantes, mas
nunca serão as mesmas. Então não devemos deixar o “cavalo selado passar na nossa
frente, sem que tenhamos a real condição de montá-lo e seguir em frente”.
Rodolfo S. Cerveira