“Os
brasileiros não aprenderam a pensar no coletivo, só pensam em si mesmos”. Antes
que eu seja “apedrejado em praça pública”, pela audácia de expor tal afirmação,
preciso ressaltar que neste post quero convidar você leitor a pensar sobre esta
frase com muito carinho e especial atenção. De fato, é uma afirmação um tanto
pretensiosa, mas que não pode ser em nenhum momento totalmente desprezada.
Faz
parte do senso comum entre a comunidade científica, formadores de opinião, pensadores
e etc..., que as sociedades que foram submetidas a grandes traumas, naturais ou
não, como guerras e ou grandes desastres ou tragédias naturais, acabam sendo
forjadas por esses eventos, e se tornam mais solidárias e efetivamente mais
propícias ao pleno exercício do amor ao próximo mais genuíno, que perpassa
necessariamente pela preocupação com o conjunto dos seres que compõem a sua
comunidade, seja no âmbito do micro cosmos, como a família, o bairro, ou do
macro cosmos, como o Estado ou o País. Dessa forma é nesse momento que podemos
observar que a afirmação em questão neste post, tem o seu grau de relevância.
Façamos
o seguinte exercício, vamos lembrar do enorme transtorno causado pela greve dos
caminhoneiros ocorrida há poucos meses no Brasil. De uma maneira geral no
início da greve, a grande maioria dos brasileiros era solidária a causa dos
caminhoneiros, afinal suas reinvindicações eram muito justas e dessa forma apoiava
o movimento incondicionalmente. Mas com o passar do tempo a opinião pública
começou a repensar a sua posição acerca da questão, uma vez que começava a se
tornar latente os efeitos e os transtornos que a greve estava causando na sua
vida comezinha. Diante disso ficou ou não caracterizada a afirmação acima, pois
muitas pessoas começaram a fazer estoques de comida, bebida, combustível, enfim
tudo o que fosse possível estocar. E neste momento preciso fazer um parêntese,
eu mesmo me peguei completando o tanque do carro, correndo atrás dos meus remédios
de uso contínuo, nada mais justo, afinal preciso manter o meu diabetes sob
controle, pois acima de tudo sou um indivíduo portador de uma doença crônica, mesmo
tendo consciência de que existe um enorme contingente de pessoas país afora que
sofre da mesma doença, ou seja, fazemos isso de forma inconsciente e
automática, sem pensar se de alguma forma estamos prejudicando a coletividade,
pois é fato que se todos fizerem seus estoques particulares, haverá falta de
produtos no mercado, causando muito transtorno para todos, certo? O
interessante é que só percebi que estava incorrendo neste erro quando estava
saindo do posto com o tanque cheio ou quando já estava de posse de caixas
extras de medicamento. Que “PORRA” é essa? Que espécie de pessoas somos nós? Somos
um povo que não sabe o que é senso coletivo, e nesse instante é bom que seja
dito que é bem diferente de ser solidário, pois isso o povo brasileiro comprovadamente
sabe ser muito bem, “non é vero”.
Diante
de tudo o que foi dito anteriormente neste breve post, poderíamos dizer que
essa característica (dificuldade de pensar na coletividade), é inerente ao “ser
humano” na sua mais simplória e sublime essência, ou como os sociólogos e
demais “ólogos” de plantão diriam, depende também em grande parte do meio e do
tempo em que ele vive. É bem verdade que se trata de um tema rico para
discussão e reflexão. Mas o fato é que o ditado a seguir pode resumir
enfaticamente o cerne desta resenha; “Farinha é pouca,
meu pirão primeiro”.
Rodolfo
S. Cerveira.
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