Em vários momentos de minha vida escutei muitas pessoas
afirmarem - literalmente em 3ª pessoa, ou seja, como se pudessem excluir-se do contexto
do assunto ora em questão - e me atrevo até a dizer “mal dizerem”, sobre
diversos fatos e situações muito particulares, próprias do envelhecimento
natural e irremediável dos seres ditos humanos, ao passar do tempo, tão justo e
inexplicavelmente implacável do transcorrer de nossas existências. Como se
todos nós não fossemos trilhar o mesmo caminho, é bem verdade que nem todos,
afinal alguns de nós provavelmente perecerão antes de se tornarem “idosos”,
seja por que razão for. Aqui faço um parêntese com ares de galhofa, “um amigo
de infância costumava dizer que só tem um jeito de não ficar velho, que é
morrer ainda jovem, novo”, enfim use a denominação que melhor lhe aprouver.
Dizem os pretensos filósofos,
“envelhecer bem é uma arte”, será mesmo? Na verdade o que menos importa é o que
cada um de nós pensa ou pode extrair da referida afirmação, e o que realmente
tem sentido é estar atento e aberto para as transformações que as diversas
fases da vida vão nos apresentando, é poder encarar as dificuldades e agruras
com firmeza e persistência, e acima de tudo é ter sabedoria e serenidade para
saborear o gostoso e o bom e aceitar quando não houver alternativa o “desgostoso
e o ruim da vida”, pois assim como também dizem os mesmos filósofos, e nisso eu
concordo integralmente com eles, é primordial usar essa sabedoria para aprender
e se desenvolver não só com as coisas positivas, mas também com as desventuras
sofridas, pois precisamos estar cientes que o nosso tempo nesse plano é breve,
e o quanto antes tivermos consciência disso, mais cedo poderemos atingir um
nível de bem estar melhor.
A realidade do mundo atual é extremamente perturbadora,
pois o número de pessoas que conseguem percorrer esse caminho livre das
chamadas doenças crônicas é infinitamente inferior ao contingente que se vê
obrigado a conviver com essa chaga em um determinado momento da vida. Então
quais os fatores responsáveis pela liberação desses poucos escolhidos, o que
eles fizeram para serem privados desse sofrimento, quais as razões para não
apresentarem as tais chagas. Enfim todos nós sabemos que não são perguntas
fáceis de responder, mas de toda a sorte o desenvolvimento cientifico e
tecnológico esta nos devendo soluções mais eficazes para essas questões.
Nesse contexto o surgimento de uma doença crônica cai
como uma verdadeira BOMBA, na vida de um “ser humaninho” pois quase sempre ela
decreta o “fim de uma era”, ou mesmo o rompimento de um estilo de vida já
consagrado e muito festejado pelo sujeito, provocando uma série de limitações,
de proibições que o atormentam significativamente na medida em que acaba
punindo-o naquilo que é essencial, sua noção mais primitiva de liberdade, de
poder fazer, comer e ter o que bem quiser, o que lhe der na “telha”, enfim é
algo que se apresenta de uma forma muito violenta, extremamente cerceadora.
O fato presente e incontestável é que o processo de
amadurecimento faz parte de nossas vidas, e dessa forma precisamos aprender a
lidar com ele da melhor maneira possível, sem grandes transtornos, sem culpas
exageradas e amarras intransponíveis, e sem deixar principalmente que isso
acabe por nos ceifar a possibilidade de viver os momentos mais caros que essa
nossa breve existência tem a nos proporcionar, pois sem sombra de dúvida nos
deixarão um gosto muito amargo no futuro. Como eu prefiro o doce ao amargo,
então vamos viver com toda a garra e galhardia que pudermos, de preferência ao
lado de todos os que amamos.
Rodolfo S. Cerveira
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