terça-feira, 25 de julho de 2017

MINHA CRENÇA NESTE PAÍS, SE FOI.

Desde que me lembro e me reconheço como um ser pensante, que alimentava firmemente a ideia de que era minha, assim como de todos os brasileiros, a obrigação de lutar para melhorar o país em que vivemos, tentar fazer dele uma verdadeira nação, como diriam algumas pessoas da geração anterior a minha, torná-lo um país desenvolvido. Até acredito que em alguns momentos houve um certo resquício de algo que apontava nesta direção. Ledo engano.

Depois de 53 anos vividos, posso dizer que a grande mudança de chave, de pensamento foi a seguinte; lá atrás na minha juventude, em uma roda de amigos as pessoas tinham um extremo pudor em admitir que teriam levado alguma vantagem em determinada situação, pois isso os envergonharia perante o grupo. Hoje a lógica se inverteu, pois é tão comum e banal levar alguma vantagem, seja no que for, até nas situações mais prosaicas, que as pessoas honestas e que se orgulham de ser honestas, pois esse é o princípio que as norteiam, acabam se resguardando, pois a ideia reinante no grupo é que não se aproveitar de uma vantagem que lhe é apresentada é uma extrema burrice, babaquice, ou qualquer coisa do gênero. Esse SIM é o paradigma mais perigoso que vivemos, é preciso resgatar esse sentimento de correção que minha geração recebeu dos seus pais e que assim como eu, muitos fazem de tudo para que seus filhos levem este digamos “modos operandis” à diante.

A palavra que mais me causa repugnância na vida é HIPOCRISIA, e as sociedades humanas desde sempre tem se especializado nesse quesito. Me incomoda profundamente o ar extremamente tardio de espanto e indignação que muitas pessoas demonstram ao saber das falcatruas que estão sendo diariamente estampadas na grande mídia nacional. Será que estas pessoas realmente não sabiam que a grande maioria das obras e ou serviços que nesse país são contratados com o Estado, é superfaturado, tem preços abusivos, para poder sustentar esse “câncer monstruoso” que é o pagamento de propina. Que saqueia os cofres públicos, que são mantidos com o nosso dinheiro, com o nosso suor, com o nosso sangue. Isso acontece desde o descobrimento deste “pobre” país, de norte a sul, de leste a oeste, em cidades pequenas, médias e nos grandes centros, enfim é uma verdadeira tristeza ter que admitir que isso é um fato incontestável.

Quero deixar bem claro que nunca vesti uma camisa, ou empunhei uma bandeira, seja qual for a cor, identidade ou tendência política, pois sempre me mantive e me comportei simplesmente como um cidadão brasileiro, acima de tudo, que merece e exige ser respeitado por suas ideias e posturas e pelos direitos adquiridos pelo conjunto de leis que nos regem.

Os acontecimentos vergonhosos dos últimos meses, em que instituições como o Supremo Tribunal Eleitoral, a Presidência da República e o Congresso Nacional, “torceram e retorceram as nossas leis”, me causaram extrema repugnância, tamanha a “cara de pau” das ditas autoridades que deveriam zelar pela ordem e pelo cumprimento das leis dispostas na nossa Constituição, mas que literalmente rasgaram a mesma sem nenhum pudor e principalmente sem nenhum respeito ao povo que deu a eles um voto de confiança irrestrito.

O auge dessa BANDALHEIRA, se materializou com o ato insano e desesperado do governo, promovendo a distribuição irresponsável de dinheiro para os parlamentares, que literalmente se venderam ao poder executivo, através da liberação das emendas parlamentares, com dinheiro sabe-se lá de onde. Digo melhor, deve ter vindo do já tão combalido caixa das universidades, hospitais e demais instituições públicas que já há algum tempo vivem em um estado de penúria extrema, sem conseguir cumprir seus compromissos operacionais básicos. Dos programas sociais que o governo anterior, assim como o atual só fazem uso de forma eleitoreira e irresponsável. E dos programas de cunho verdadeiramente importantes, tais como o “farmácia popular” que já esta mostrando os sinais dessa “SACANAGEM” toda, afinal já faltam remédios, em alguns casos o atendimento das receitas não esta sendo de forma integral, até mesmo para os doentes crônicos, diabéticos, hipertensos, cardíacos, e etc..., que são inteiramente dependentes dessa distribuição, pois em sua maioria não dispõem de recursos financeiros para adquiri-los e que tinham uma mera ilusão de que parte de seus problemas estavam resolvidos. Afinal essa classe historicamente sempre foi esquecida e relegada a um lugar no fim da fila das prioridades governamentais.

Apesar de estar entre os poucos doentes crônicos que ainda conseguem adquirir esses medicamentos, não posso me calar frente a essa crueldade do poder público brasileiro.Peço que me desculpem o desabafo carregado de desesperança e de angustia em ver que vivo em um país totalmente PODRE, e não consigo ver uma chance de seu reerguimento. Pois vejo as pessoas apontando o político corrupto na televisão, nas redes sociais, mas não conseguem enxergar os seus próprios desvios de conduta, ao corromperem um franelinha, ou furando uma fila de banco ou de instituição pública ou privada, ou qualquer outro ato indigno e moralmente condenável, que as coloquem na mesma categoria, logo eu pergunto em que elas são melhores que eles, os políticos ladrões?. Diante disso tudo, acredito que a única alternativa é a porta de saída. Quem puder que saia desse pobre país subdesenvolvido, pois essa história de país em desenvolvimento é uma balela que escuto desde os meus 05 anos de idade. Não existe desenvolvimento sem educação e cultura e principalmente “sem vergonha na cara”. Adeus Brasil, é o meu sonho atual!



Rodolfo S Cerveira

segunda-feira, 17 de julho de 2017

O QUE É SABEDORIA?


Porque nos seres humanos, tão pretensamente desenvolvidos já não nascemos suficientemente sábios, carregados de todo o conhecimento de que precisamos, munidos de todas as informações importantes para as nossas existências. Não tenho dúvida que a resposta a essa questão é a necessidade precípua de passarmos pelo processo de aprendizado para enfim conseguirmos atingir o nosso desenvolvimento, enriquecer significativamente o nosso tão empobrecido SER. Enfim atingir o saber sem experimentar o processo de aprendizagem é bastante inócuo, sem sentido, e principalmente empobrece a nossa caminhada no que tange a nobreza dos objetivos a serem alcançados.


Desde que nascemos, ou melhor, atualmente já existem provas cientificas de que mesmo na fase intrauterina, já temos condições de absorver alguns conhecimentos importantes para as nossas vidas, e que provavelmente carregaremos por toda a nossa caminhada. Por outro lado mais importante do que aprender é saber como dispor do conhecimento adquirido, o que fazer com esse saber no seu dia a dia e principalmente na relação com o outro e ainda, como esta muito em voga, com o meio em que vivemos, e isso na verdade pouco nos é legado pelas gerações anteriores, não por culpa especifica de alguém, mas por falta de “expertize” da coisa em si, que somente algumas pessoas conseguem alcançar e que na verdade a grande maioria “não tá nem ai pra essa coisa toda”, o que é uma grande tristeza, pois o mundo seria bem melhor se grande parte dos seres desse mundo despertassem definitivamente para esse fato.


O tempo vai passando vamos crescendo, o que nem sempre corresponde necessariamente a um desenvolvimento, mas enfim parafraseando o apresentador Chico Pinheiro da Rede Globo, ”é vida que segue”, e para nossa desventura ser quase que absoluta, muitas vezes não nos damos conta de tudo o que nos cerca, do poder de transformação e melhoria que temos e por conseguinte não temos consciência disso. Mesmo porque depois do meio ambiente o principal beneficiário dessa conquista é o próprio ser “dito humano”, isso não é um paradoxo dos mais dolorosos para a nossa civilização?


No espectro micro da vida de um único indivíduo, do seu próprio corpo, ainda assim a ignorância e o desrespeito com as suas características e seus limites são espantosos, podem até ser considerados poderosos ataques intramuros que infelizmente tem o poder de causar uma tremenda destruição no referido ser. Logo é preciso que as pessoas passem a adotar um olhar mais atento aos fatos que as rodeiam, as circunstâncias e consequências que as mesmos podem assumir e a partir deles, aprender a absorver as boas lições possíveis, digo melhor, literalmente “tirar leite de pedra”, extrair bons ensinamentos não só dos bons momentos, mas também das situações ruins e desfavoráveis da vida.


Para o ser “humaninho diabético” ou para o portador de qualquer outra doença crônica, o exercício constante da busca pelo conhecimento é ainda mais importante e salutar, pois a todo momento, em tudo o que faz e principalmente em tudo o que ingere, ele deve fazer um bom uso desse manancial, de forma a lhe possibilitar uma melhor condição de se readequar as exigências e limitações da nova configuração de sua vida, a partir da doença, para o resto de sua vida. Logo a sabedoria do doente crônico é em síntese assumir sua condição precípua, respeitando as prescrições médicas e os seus limites e acima de tudo viver a vida intensamente, sem medo de ser feliz, afinal somos maiores e melhores do que a “PORRA” dessa doença, certo!



Rodolfo S Cerveira

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A PERDA E A DESESPERANÇA



A dinâmica da vida muitas vezes nos prega algumas peças que nos deixam desconcertados. No último dia 06/07/2017 este mundo ficou bem mais triste, pois perdemos um ser iluminado, repleto de bons fluídos, que mesmo sem ter a devida noção da grandeza do objetivo que deu a sua própria vida, já que pouco estudo tinha, mas que aprendeu com a vida a desenvolver a sua capacidade de doação, junto com seu dom e carisma únicos, características essas que faziam dela um SER HUMANO muito especial, que sabia amar ao próximo como poucos. Que mesmo tendo tido uma vida muito dura, cheia de sofrimento, conseguiu superar as adversidades e ainda arranjou tempo, ou melhor, resolveu doar seu tempo de forma integral para ajudar outras pessoas. Hoje (07/07/2017) será o sepultamento daquela que em vida se chamou Maria do Socorro Pereira, mais conhecida pela carinhosa alcunha de TIA SOCORRO, a idealizadora e rigorosamente a alma do abrigo que fora batizado com o nome Associação Lar Acolhedor Tia Socorro, localizado na Ilha de Mosqueiro, Distrito de Belém do Pará. Abrigo este que tinha a missão precípua de receber crianças e adolescentes que haviam sofrido violência dentro de suas casas, no seio de suas próprias famílias, algo que na minha modesta opinião é uma das coisas mais abomináveis e repugnantes que o homem consegue fazer.

Não se trata de santificar alguém que acaba de nos deixar, mesmo porque esse não é o meu perfil, pois eu sempre tenho um olhar mais crítico, pragmático, focado no ser humano que é de carne e osso, com suas limitações, virtudes, medos e porque não dizer defeitos, e a “Tia Socorro”, essa era sim um ser literal, de carne e osso, é bem verdade que de mais carne do que osso, pois com a vida que levava, desprovida de preocupações menos altruístas e seu imenso apego e doação em prol do bem estar das suas crianças, pouco cuidado dedicava a sua própria saúde. Talvez essa seja uma das causas da sua prematura partida aos 53 anos de idade, vítima de um enfarte fulminante.

Minha convivência com essa mulher admirável, começou a pouco mais de 1 ano, época em que comecei em conjunto com minha esposa e filhas a frequentar o abrigo da Tia Socorro, com o objetivo de fazer um trabalho voluntário junto a pessoas necessitadas, de dividir com alguém um pouco do muito que Deus me deu. Lembro-me bem que a expectativa inicial era meio preocupante pois antes da primeira visita eu só vislumbrava um lugar onde haviam pessoas que tiveram uma vida muito difícil, que foram abandonadas a sua própria sorte, que sofreram inúmeras violências provindas quase sempre daqueles que via de regra poderiam e tinham o dever de protegê-los. Enfim pessoas que nada tinham e que ali estavam encontrando um novo caminho, um novo sentido para suas vidas, muitas vezes ainda no seu início. Na primeira vez que chegamos no abrigo fomos cercados por pessoas sedentas por um carinho, atenção, um simples abraço, e só então pude perceber que se tratava de uma troca muito rica e que no final das contas nós é que ganhávamos mais com o desenrolar do processo todo. E assim os domingos depois das visitas ao abrigo eram mais reluzentes, faziam mais sentido, me deixavam mais leve, apesar do cansaço da viagem e das histórias quase sempre escabrosas que algum novo ocupante do abrigo trouxe em sua bagagem.

Com a constância das idas ao abrigo pude perceber a quantidade de pessoas abnegadas que de alguma forma ajudavam o lugar, afinal a única renda fixa disponível era uma pequena aposentadoria da Tia Socorro, portanto o resto era advindo de doações, a maioria esporádica. Isso me deixava realmente agoniado, pois só vinha na minha mente, como alimentar e manter quase cinquenta pessoas, sem ter uma previsão de recursos para tal. Mas lembro bem que todas as vezes que a vi falar sobre o assunto ela dizia que o abrigo não era uma obra dela e sim uma obra de Deus e que ela tinha fé que ele nunca deixaria de prover o mínimo necessário para a subsistência de todos. Sua fé era realmente comovente, difícil de entender, mas fácil de ver.

O dia de ontem foi um dia muito difícil de ser vivido, pois o primeiro sentimento que surge é de uma certa revolta, de perguntar porque levar uma pessoa tão jovem, tão cheia de amor para dar, que tem tantas pessoas que dependem exclusivamente dela. Me atrevo a tentar responder, literalmente elocubrar, será que ela já estava precisando de um merecido descanso, e ainda será possível a ela descansar sabendo que deixou seus filhos aqui sem seus cuidados. Passei o dia com uma desesperança e uma preocupação com a resposta a essa e a outras questões; O que vai ser do abrigo? Quem vai tocar o barco? O que vai ser das crianças que lá estão? Como estarão aqueles seres humanos tão sofridos? Na verdade, foi uma verdadeira mistura de emoções muito sofridas.

Gostaria de terminar essa resenha fazendo uma pequena homenagem a esta mulher guerreira que tive a honra de conhecer, de privar de seu breve mais significativo convívio e que aprendi a admirar por sua força, garra, determinação e acima de tudo capacidade de amar ao próximo, enfim o que dizer de uma mãe de mais de 400 filhos espalhados pelo mundo. Vá em PAZ e que Deus continue te iluminando onde estiveres.


Rodolfo S Cerveira

domingo, 2 de julho de 2017

A PASSAGEM DO TEMPO EM SUAS DIVERSAS FACETAS



Em vários momentos de minha vida escutei muitas pessoas afirmarem - literalmente em 3ª pessoa, ou seja, como se pudessem excluir-se do contexto do assunto ora em questão - e me atrevo até a dizer “mal dizerem”, sobre diversos fatos e situações muito particulares, próprias do envelhecimento natural e irremediável dos seres ditos humanos, ao passar do tempo, tão justo e inexplicavelmente implacável do transcorrer de nossas existências. Como se todos nós não fossemos trilhar o mesmo caminho, é bem verdade que nem todos, afinal alguns de nós provavelmente perecerão antes de se tornarem “idosos”, seja por que razão for. Aqui faço um parêntese com ares de galhofa, “um amigo de infância costumava dizer que só tem um jeito de não ficar velho, que é morrer ainda jovem, novo”, enfim use a denominação que melhor lhe aprouver.


Dizem os pretensos filósofos, “envelhecer bem é uma arte”, será mesmo? Na verdade o que menos importa é o que cada um de nós pensa ou pode extrair da referida afirmação, e o que realmente tem sentido é estar atento e aberto para as transformações que as diversas fases da vida vão nos apresentando, é poder encarar as dificuldades e agruras com firmeza e persistência, e acima de tudo é ter sabedoria e serenidade para saborear o gostoso e o bom e aceitar quando não houver alternativa o “desgostoso e o ruim da vida”, pois assim como também dizem os mesmos filósofos, e nisso eu concordo integralmente com eles, é primordial usar essa sabedoria para aprender e se desenvolver não só com as coisas positivas, mas também com as desventuras sofridas, pois precisamos estar cientes que o nosso tempo nesse plano é breve, e o quanto antes tivermos consciência disso, mais cedo poderemos atingir um nível de bem estar melhor.


A realidade do mundo atual é extremamente perturbadora, pois o número de pessoas que conseguem percorrer esse caminho livre das chamadas doenças crônicas é infinitamente inferior ao contingente que se vê obrigado a conviver com essa chaga em um determinado momento da vida. Então quais os fatores responsáveis pela liberação desses poucos escolhidos, o que eles fizeram para serem privados desse sofrimento, quais as razões para não apresentarem as tais chagas. Enfim todos nós sabemos que não são perguntas fáceis de responder, mas de toda a sorte o desenvolvimento cientifico e tecnológico esta nos devendo soluções mais eficazes para essas questões.


Nesse contexto o surgimento de uma doença crônica cai como uma verdadeira BOMBA, na vida de um “ser humaninho” pois quase sempre ela decreta o “fim de uma era”, ou mesmo o rompimento de um estilo de vida já consagrado e muito festejado pelo sujeito, provocando uma série de limitações, de proibições que o atormentam significativamente na medida em que acaba punindo-o naquilo que é essencial, sua noção mais primitiva de liberdade, de poder fazer, comer e ter o que bem quiser, o que lhe der na “telha”, enfim é algo que se apresenta de uma forma muito violenta, extremamente cerceadora.


O fato presente e incontestável é que o processo de amadurecimento faz parte de nossas vidas, e dessa forma precisamos aprender a lidar com ele da melhor maneira possível, sem grandes transtornos, sem culpas exageradas e amarras intransponíveis, e sem deixar principalmente que isso acabe por nos ceifar a possibilidade de viver os momentos mais caros que essa nossa breve existência tem a nos proporcionar, pois sem sombra de dúvida nos deixarão um gosto muito amargo no futuro. Como eu prefiro o doce ao amargo, então vamos viver com toda a garra e galhardia que pudermos, de preferência ao lado de todos os que amamos.



Rodolfo S. Cerveira