sábado, 3 de junho de 2017

O PODER DA LASANHA NAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS



A palavra lasanha provém da grega “lasanon” que significa pote de quarto. O termo foi depois emprestado pelos romanos como “lasanum” para significar pote de cozinhar. Os italianos usaram a palavra para definir o prato onde, hoje se sabe, era feita a Lasanha. Apesar de tradicionalmente se acreditar que a lasanha é um prato tipicamente originado na Itália, tem-se evidências de que há um prato muito similar conhecido como “loseyns” (lê-se lasan), comido na corte de Rei Ricardo II no século XIV. Esta receita também figurou no primeiro livro de receitas da Inglaterra. A lasanha foi primeiro documentada no século XIII, quando foi usado num prato às camadas, esta versão mais antiga não incluía tomate, pois este ainda não tinha sido descoberto pelos Europeus.  


Me desculpem a introdução recheada de história, mas esse blog também é, antes de tudo, informação e cultura. Brincadeiras à parte hoje é dia de lasanha, aquele prato tão simbólico, que tem “cara” de domingão, de comemoração, de dia de aniversário, de dia de receber visitas, enfim é algo especial que só lançamos mão em ocasiões igualmente especiais. Sua composição, os ingredientes, o jeito de fazer, de preparar variam conforme a origem das famílias, e com o processo acelerado de miscigenação dos povos desse país, inúmeras variações foram sendo acrescentadas a maneira de preparar a mesma.


Reconhecida no mundo todo, a tradição no Brasil da pasta fina que sai fumegante e gratinada do forno feita de folhas de massa fresca à base de farinha de trigo e ovos, intercaladas com molho normalmente à base de leite, farinha e manteiga, carne moída e lascas de queijo parmiggiano -reggiano, é muito arraigada e admirada por quase a totalidade da população, pois assim como o chocolate é difícil encontrar quem não goste de uma bela lasanha. Como todo clássico da gastronomia, ela ganha incontáveis versões. Pode levar vegetais, carne de aves desfiada, cogumelos, presunto, bacalhau, salmão e, hoje, pode até não levar carne e nem tomate, o que com certeza, deixaria os italianos mais tradicionalistas “de cabelo em pé.”


Na casa dos meus pais ela tinha uma “cara”, na casa da minha sogra outra, e na minha casa, a minha esposa impingiu uma nova formatação para a tão festejada lasanha. Todas muito saborosas e com ingredientes diferentes que lhes delegavam qualidades ímpares, traduzindo-se em um verdadeiro festival de sabores. Na grande maioria dos lares brasileiros é muito consumida aos domingos, e quase sempre é preparada na véspera ou mesmo na sexta feira, para não atrapalhar o descanso semanal da mãe, que em muitos casos é a cozinheira de todos os dias, e dessa forma acabou se tornando um prato de grande significação na vida das famílias brasileiras, mas um belo motivo para que as mesmas se reúnam ao redor da mesa.


Sempre fui um bom apreciador de uma bela lasanha, principalmente quando ela esta bem recheada de molho, carne moída e vinho. O macarrão pode até ficar em segundo plano, mesmo porque até antes de estar diabético eu já não abusava do mesmo, afinal a minha grande paixão sempre foi o espaguete, assim sendo em nenhum momento isso se tornou um grande sacrifício. E partir do “decreto” diabético sim, eu passei a diminuir ainda mais a ingestão do macarrão, por motivos óbvios, é claro. E depois os sábados e ou os domingos regados a lasanha em minha casa foram se espaçando, assim como tudo que representa alguma ameaça ao controle do meu diabetes. Fazer o quê, esse é o preço que pagamos por estarmos rodeados de pessoas que nos amam. Ainda bem!


Para terminar esse post, só mais um breve esclarecimento, na verdade os sábados são os dias em que algumas vezes temos lasanha para o almoço em minha casa, pois nos domingos normalmente vamos para a casa dos meus pais, onde vez por outra tem o que? LASANHA, no cardápio.



Rodolfo S Cerveira

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