Acredito que a grande
maioria das pessoas foi ensinada e assim se acostumou a valorizar e a comemorar
as grandes vitórias da vida, que é claro tem realmente um valor especial para
cada um de nós, e dessa forma merecem uma comemoração de igual magnitude. Por
outro lado, imagino ser bastante salutar aprender a dar a devida relevância as
pequenas vitórias que alcançamos, pois como diz um velho e conhecido ditado,
“para vencer a grande guerra da vida é preciso vencer a princípio as pequenas
batalhas de cada dia, uma a uma”.
O verdadeiro significado da
expressão “vencer na vida” é algo muito relativo e que depende primordialmente do
contexto em que estamos inseridos, da origem e do modo de ser e de pensar de
cada um de nós, ou seja, é algo que decorre em síntese de nossa carga genética,
social e psíquica, e que também esta intimamente relacionada em grande parte ao
meio em que vivemos e ao aprendizado que conseguimos agregar ao nosso SER,
durante a nossa breve existência. Partindo desse pressuposto a noção de vitória
e ou derrota é muito particular, própria de cada um de nós e extremamente
subjetiva, mesmo levando em consideração a preconização que a sociedade de
consumo em que vivemos nos impõe acerca do tema.
No decorrer de nossa vida nos
deparamos com um número interminável de situações que precisam ser transpostas,
resolvidas, e esse processo normalmente acaba nos proporcionando muita satisfação
e orgulho, além de nos deixar com um sentimento bom de dever cumprido.
Entretanto boa parte de nós não dá a devida relevância a certas realizações,
que digamos a princípio parecem menores, ou de menor significado, mas que no
fundo, se estivermos dispostos a encarar um verdadeiro exame de consciência,
poderemos visualizar a grandeza que o referido fato tem na nossa breve passagem
por essa vida. De certo que essa mensuração é muito particular, pois para cada
um de nós ela tem um sentido particular, único e em função desse caráter tão específico
é que ela assume um papel ainda mais representativo, pois ela pertence somente
a um de nós e ninguém mas pode verdadeiramente alcançá-la,
percebê-la na sua essência.
O que dizer então de nós os
diabéticos, de nossas minúsculas vitórias, aquelas “cositas” aparentemente sem
muita importância para a grande maioria dos mortais, mas que para nós são bastante
significativas sim, pois são conseguidas
a duríssimas penas, com muito esforço e resiliência, logo podem e devem ser
comemoradas com um grande fervor, afinal como já citei em um post anterior
deste blog, o doente crônico é um SER solitário em sua própria doença, ninguém
consegue perceber a sua dor, como ele próprio. Então que nos seja delegado tudo
o que temos direito, muitos Parabéns e
vivas, por cada chocolate ou doce que deixemos de ingerir, por cada porção
de carboidrato que consigamos reduzir em nossas refeições, por cada
refrigerante (praga dos diabos, porém muito gostosa, se bem gelada) que
deixemos de consumir durante os nossos esparsos momentos de prazer, por cada
atividade física que demande um relativo gasto calórico, por deixar a inércia
literalmente para trás em alguns momentos da vida e pelo esforço de torná-los cada
vez mais frequentes, enfim por cada deslize que consigamos deixar de cometer
nessa nossa incessante busca pelo equilíbrio da tão mal fadada taxa de glicose,
de forma a atingir os almejados 90 -100 no visor do aparelhinho. Sejamos
felizes irmãos diabéticos, comemorem sim as suas míseras, mas nem por isso
menores vitórias e sigamos sempre em frente.
Rodolfo S Cerveira
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