Em tempos de quarentena face o
surgimento do covid-19, em que
estamos reclusos em nossas casas, com nossas mentes fervilhando face às más
notícias que recebemos via “grande mídia” a cerca das perspectivas para o presente
e ainda mais importante para o futuro próximo, não só dos problemas imediatos
referentes a saúde, mas principalmente das consequências econômicas nefastas
que essa crise pode causar para o país e para o mundo, que de fato são
imprevisíveis e apavorantes.
Então não é fácil, nesse momento,
manter a calma, a tranquilidade, mas é fundamental não entrar em DESESPERO,
PÂNICO, nem muito menos fomentá-lo, para que ele não se instale definitivamente
entre nós. Entretanto essa atitude é comumente exercida por algumas pessoas,
consciente ou inconscientemente, principalmente via WhatsApp. Essa ferramenta
maravilhosa, que foi criada para promover a reunião e o congraçamento entre as
pessoas, mas como tudo na vida, muitas vezes tem a sua utilização desvirtuada e
acaba provocando grandes transtornos e até mesmo grandes tragédias. Neste
sentido é primordial que façamos um hercúleo exercício de não ficar a todo
momento nos atualizando das notícias sobre a PANDEMIA via whatsApp, procure
usar o aplicativo para diminuir a distância que estamos sendo forçados a manter
das pessoas que queremos bem. E principalmente não repasse informações sem a
devida análise e conferência de autenticidade, não ajude a fortalecer essa
corrente do mal, que infelizmente acaba se formando com a proliferação das
conhecidas fake News (mentiras – na nossa bela língua). Eu particularmente adotei
a premissa de me atualizar sobre os dados da crise somente em dois momentos do
dia, no início da manhã e no final do dia, sempre através das informações
provindas dos órgãos oficiais, e não vejo absolutamente nada sobre o assunto no
“ZAP”, acho absolutamente desnecessário. Em alguns grupos em que já
identifiquei pessoas altamente apavoradas, quase em pânico, já nem abro as
mensagens que delas são originadas. Nesses casos procuro retornar informações que
possam de alguma forma agregar coisas boas para elas.
Perceba que o ser humano é muito
estranho, muito complexo, senão como explicar que mesmo dentro de grupos de
pessoas que tem estudo formal considerável e algumas vezes são comprovadamente
bem informadas, há aquelas que se deixam contaminar por informações completamente
sem sentido, já que se o leitor se der ao trabalho de ler a referida
informação, uma segunda e uma terceira vez e em seguida refletir rapidamente
sobre ela, no mínimo ele vai desconfiar da inconsistência da mesma, pois a lógica
ou talvez outros aspectos que compõem a sua noção de razoabilidade vão fazer
com que ele não prossiga com a disseminação daquela informação mentirosa e
extremamente danosa a sociedade. Por outro lado é muito fácil entender como a
população com menor nível de instrução, que para o nosso azar é a esmagadora
maioria no Brasil, é ainda mais vulnerável ao pânico, ao se ver diante de tais
informações maléficas e não ser capaz de discernir sobre sua veracidade e nesse
caso o dano é aumentado em projeção geométrica, infelizmente.
Há ainda um outro fator que me
preocupa muito, que é o fato do ser humano em sua essência ser extremamente
egocêntrico e egoísta, e vejam não me refiro especificamente “às bestas
radicais” que se dizem de esquerda e de direita que continuam a se digladiar nas
redes sociais e até mesmo pessoalmente, e sim as demais pessoas que nem nestes
momentos de crise extrema conseguem agir digamos “fora da caixa”. Falo
especificamente do caso de alguns funcionários públicos que ouvi esbravejarem
que o governo tem que parar tudo, inclusive os transportes públicos. Mas eles
esquecem que se esse seguimento parar, como é que as pessoas que trabalham nos
serviços essenciais como hospitais, clinicas, farmácias, supermercados, delegacias
de polícia, presídios, órgãos públicos envolvidos na gestão da crise e etc..., que
em sua maioria não possuem transporte próprio, vão fazer para chegar aos seus
locais de trabalho para atender a todos que precisem, inclusive a esses que
falaram tal asneira, caso necessitem de atendimento médico hospitalar, ou simplesmente
necessitem repor seus mantimentos.
Talvez esse comportamento seja amparado pela
fantasiosa segurança que eles tem em relação a garantia do recebimento de seus
salários, o que os trabalhadores da inciativa privada e os autônomos não tem.
Porém eles estão esquecendo que se a economia parar de fato, no máximo no terceiro
ou quarto mês, dependendo da saúde financeira do ente federado (Governo
Federal, Estado ou Município), a arrecadação estará de tal forma comprometida, pois
estará sendo alimentada apenas pelas empresas que tem autorização especial para
funcionar, assim como daquelas que podem fazer o chamado “trabalho em casa”, a
venda pela internet ou o serviço de venda por entrega domiciliar (o delivery), mantendo
assim algum faturamento, sem entretanto ser o bastante para manter a máquina do
governo (o patrão dos funcionários públicos), em funcionamento sustentável a
ponto de ter como honrar os salários dos seu servidores. Preciso ressaltar que
eu também sou funcionário público há 34 anos, e no meu caso em particular estou
duplamente preocupado, pois como não faço parte da pequena casta que ganha bons
salários no serviço público, portanto sempre precisei e ainda hoje preciso
complementar minha renda com uma atividade autônoma, que a princípio está com
sua rentabilidade altamente comprometida, como muitas outras no nosso país em
época de PANDEMIA.
Para finalizar essa breve
resenha, devo externar a minha enorme indignação com o fato ocorrido na última
semana. Tenho 56 anos de idade, ou seja, menos de 65 anos, porém na condição de
diabético há mais de 7, 8 anos, sei
lá ao certo, e apesar de estar gozando de boa saúde, graças ao bom Deus, pois
estou medicado e com índices glicêmicos controlados, já que mantenho um
acompanhamento médico regular, desde a descoberta desse inferno (DIABÉTES). Fui
informado pela minha chefia que eu estava dispensado do trabalho por integrar um
dos grupo de risco, em função da referida doença. Logo eu teria que
providenciar um atestado ou laudo médico para enfim formalizar a minha dispensa
do trabalho. Devo ressaltar que antes que eu pudesse solicitar tal dispensa ela
me foi imposta pela instituição, fato que eu devo louvar, é claro. Mas voltando
ao motivo real da minha contrariedade, ao ligar para a clínica onde sou
atendido por uma médica endocrilogista há mais de 7 anos, ou seja, uma profissional
que tem o meu histórico de tratamento, que pode acima de qualquer suspeita, atestar
a existência da minha doença crônica, que infelizmente não tem cura. Queria EU
não ter esse “privilégio” e estar trabalhando normalmente. Entretanto ao falar
com a secretaria recebo a informação de que tenho que ir a clínica, pois a
direção da mesma orientou seus médicos a só fornecer atestados e laudos na
presença do paciente. Situação que me pareceu absolutamente irracional, sem
nenhuma lógica, pois na minha “santíssima ignorância”, esse procedimento
deveria ser rápido e sem a exigência da presença do paciente, pois trata-se da
simples comprovação da existência da moléstia, e o documento poderia ser entregue
a um portador do doente na própria secretaria da clínica, pois o mesmo só vai
respaldar uma realidade que é facilmente comprovada no histórico de cada paciente,
ou seja, que o mesmo é, infelizmente, portador da referida doença crônica, que
não tem cura.
Devo ressaltar que, fui informado
na minha última consulta com a mencionada médica, que já existe uma
possibilidade de cura, ou “quase cura”, se é que essa afirmação pode ser
considerada cientifica, trata-se de uma cirurgia bariátrica, para promover alterações
no funcionamento do organismo do diabético, praticamente eliminando o controle
via remédios. Mas isso é uma outra história, afinal é um processo muito
agressivo e perigoso, e na minha modesta opinião, ainda esta em um estágio inicial,
e até o momento não produziu grandes resultados práticos, portanto a priori não
tem cura mesmo.
Além do mais se levarmos em
consideração que a recomendação das secretarias de saúde pública em todos os
níveis de governo é que as pessoas dos grupos considerados mais vulneráveis não
saiam de casa, nem muito menos se dirijam a clinicas e hospitais sem haver a
extrema necessidade, não tem sentido esse tipo de postura, certo? Resumindo dá
pra entender uma MERDA dessas?
Rodolfo S Cerveira
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