De tempos em tempos a
humanidade cria, ou muitas vezes simplesmente eleva um tema a categoria de
“mega, ultra” importante, vale dizer que nem sempre os motivos que provocam o “despertar”
ou mesmo que determinam o “time” desse processo são os mais éticos e dignos.
Mas o fato é que desde que “o mundo é mundo” isso acontece e acho muito
improvável que venha a se modificar drasticamente algum dia. Dessa forma o eleito
do momento é a tão propalada e inegavelmente imprescindível INCLUSÃO SOCIAL, deixemos
então as razões menos ou mais dignas de lado e vamos ao que realmente
interessa.
A informação é sem sombra de
dúvidas, a mais valiosa “mercadoria” da atualidade, e portanto deve ser
democratizada, franqueada a todos, pois essa é a primeira e a principal forma
de promover a Inclusão social. Todavia
não há como pensar nela se não falarmos também de acessibilidade, isso é fato,
e para começarmos com toda a dignidade que o tema exige e merece, precisamos
promover a quebra de um paradigma. De uma maneira geral quando se fala em
acessibilidade logo se relaciona a meios e mecanismos para melhorar a vida do
deficiente físico, visual e ou intelectual. Neste momento é necessário inserir
um novo termo que se refere a uma outra categoria de pessoas, que também faz
parte desse enorme contingente de cidadãos que tanto precisam ser inseridos no
conjunto da sociedade, que são as pessoas com mobilidade reduzida temporária ou
permanente. Logo é primordial promover uma mudança radical nessa maneira de ver
as coisas, pois o mundo, as cidades, o campo, os logradouros públicos, a
empresa privada, o órgão público, a casa de cada um de nós, enfim todos os
espaços devem ser em princípio acessíveis a todos e não e tão somente para os
deficientes físicos em geral. Dessa forma é fundamental revermos os nossos
conceitos e aprendermos a olhar todos com o mesmo olhar, sob a mesma ótica, enxergando
o todo e a todos, é claro que sem deixar de respeitar as mais diversas
especificidades que cada grupo traz em sua essência.
A importância de universalizar
a acessibilidade, de deixá-la ao alcance de todos reside também no fato de que
em algum momento de nossas vidas, seja porque motivo for, poderemos ser
potenciais usuários dos mecanismos criados para tornar o nosso meio ambiente e
o nosso habitat mais acessível. Mesmo que não sejamos portadores de nenhuma
deficiência física de qualquer ordem, pois há diversas situações na vida que
isso pode se materializar e acabar nos causando algum tipo de sofrimento ou
privação. Isso pode ser facilmente visto quando vemos por exemplo uma fileira
de telefones públicos (coisa considerada jurássica, diante do surgimento do
celular) com alturas diversas, quando temos banheiros coletivos com alturas igualmente
diferentes e providos com os mais diversos equipamentos como barras de apoio, maçanetas
em forma de alavanca, área de transferência e etc..., possibilitando dessa
forma atender não só ao anão e ao cadeirante, mas também a criança e a pessoa
com baixa estatura; a instalação de balcões e mesas nos lugares de uso comum em
alturas que possam atender a todos indiscriminadamente; devemos considerar também
um fenômeno incontestável que é o envelhecimento da população mundial, ou seja,
a acessibilidade do idoso cada vez mais terá uma demanda crescente, e então será
necessária a criação e ou adaptação de espaços públicos e privados de pequena,
média e grande circulação de pessoas com o mínimo de espaços e equipamentos de
sinalização visual, tátil e sonora disponíveis para sua perfeita utilização, ou
seja, não se pode pensar em um espaço ou mundo acessível para determinadas pessoas
e sim para o grupo em que fazem parte todas elas.
Neste blog ou em qualquer outro
espaço, eu não poderia deixar de frisar a importância da acessibilidade quando
nos referimos aos tratamentos e remédios para os doentes crônicos, entre os
quais eu me incluo, como diabético. É fato que já há algum tempo essa
preocupação faz parte das políticas públicas do Estado Brasileiro, entretanto
isso ainda é feito de forma muito incipiente, necessitando então de muito aprimoramento
no seu conceito e na sua forma para enfim poder receber a aura ou denominação
de universal. Será mesmo um sonho?
Para finalizar essa resenha
acredito ser importante incluir no rol das pessoas que precisam usufruir plenamente
da acessibilidade os portadores da mais nova face das doenças crônicas, as
chamadas doenças psicológicas, as diversas síndromes que cada vez mais afetam
um número surpreendentemente maior de pessoas. Dessa forma seria bastante
salutar incluir no bojo do planejamento e dos projetos sobre o assunto, um
olhar mais atento, que possa criar soluções que atendam também as contingências
desse enorme conjunto de usuários. Esta mais do que na hora de ir à luta,
senhores! Vamos lá!
Rodolfo S Cerveira
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