sábado, 24 de junho de 2017

O ARROZ NOSSO DE CADA DIA, DE UM DIABÉTICO


Em um post anterior deste Blog que versava sobre carboidratos, o “astro principal” da atual resenha já foi devidamente citado, porém como na minha modesta opinião e escala de preferência, ele é sem sombra de dúvida, o mais apreciado dos carboidratos, eu não poderia me furtar de fazer uma citação especial sobre o mesmo. Então vamos encarar um belo ARROZ.


Como dizem os bons cozinheiros, chef’s ou “chefes de cozinha”, enfim usem a denominação que melhor lhes aprouver; “pode-se conhecer a história de um povo, conhecendo sua mesa, o que ele ingere”. Nesse sentido, o arroz foi, muito provavelmente, a primeira planta cultivada no Sudeste da Ásia e o principal alimento consumido. Na literatura chinesa foram encontradas as referências mais antigas sobre o arroz, há cerca de 5 mil anos. No Japão, foi introduzido pelos chineses cerca de 100 anos a.C. Na Europa o arroz começou a ser cultivado nos séculos VII e VIII, com a chegada dos árabes na Península Ibérica. Foram os espanhóis, os responsáveis pela sua disseminação nas Américas. Segundo alguns historiadores há relatos de que o arroz era o “milho d’água” (abati-uaupé) que os tupis, muito antes de conhecerem os portugueses, já colhiam nos alagados próximos ao litoral brasileiro. Em meados do século XVI, os colonizadores portugueses passaram a cultivar arroz em terras secas brasileiras, ocupando áreas no Maranhão (1745), em Pernambuco (1750) e no Pará (1772).


Deixando um pouco de lado a história, vamos manter o foco na importância desse alimento na constituição da mesa dos brasileiros em geral. O quão é fundamental a existência da dupla “arroz e feijão” na dieta alimentar da população brasileira, literalmente de “cabo a rabo” deste país, pois das classes mais baixas às mais abastadas eles são “figurinhas carimbadas” nas mesas do povo made in brasil.


Dessa forma eu me incluo fortemente entre os fervorosos apreciadores do ARROZ, principalmente se ele estiver quentinho, bem frito e soltinho, sou capaz de fazer dele o principal e único prato de uma refeição completa, muitas vezes antes de consumir qualquer outro alimento faço uma ”boquinha” só com o arroz branco, pois quem gosta de arroz grudado é japonês, meus amigos nipônicos que me perdoem a brincadeira, mas a verdade é que eu tenho tanta diferença com o arroz grudado, empapado (vulgarmente chamado em terras tupiniquins de “unidos venceremos”), que várias vezes já brinquei com minha cozinheira que se ela me apresentasse um exemplar desse tipo eu o jogaria na parede, e com certeza ele ficaria ali grudado. Só para não deixar dúvidas acerca de minha paixão pelo dito alimento, vou partilhar com você, uma expressão que minha esposa costuma usar: “Que ela nunca viu ninguém gostar tanto de arroz com galinha do que eu e que chego a parecer uma criança na frente de um prato da referida iguaria”, e que fique bem claro é arroz com galinha e não galinha com arroz, distinção esta que faço em função do desacerto na quantidade de galinha que se introduz no referido prato, ok!


Diante de tudo que foi dito sobre o nobre alimento, me vi em “bundas”, com a chegada do diabetes, afinal foi o decreto, o “sacrossanto” não ao “arroz meu” de todos os dias, “que merda”! Algo muito sentido e sofrido, afinal teria que abrir mão de um prazer aparentemente muito singelo para a maioria das pessoas, mas para mim é algo muito significativo, que me dava uma grande satisfação, pois sou o tipo de pessoa que consegue extrair muito valor de coisas bem simples da vida, como comer com um prazer inenarrável um determinado alimento. Então que venha o arroz integral, o arroz sete grãos, os demais existentes no mercado. Digamos que não chega a ser igual a sensação de comer uma banana sem tirar a casca, mas quase, fica muito perto disso, prazer, satisfação INTEGRAL, para fazer uma simples brincadeira com a nossa língua, não mais. Portanto só me restaram alguns sábados em minha casa, que vez por outra por algum engano ou motivo de força maior, o arroz não é o integral e os domingos na casa dos meus pais onde é servido o exemplar mais apreciado, ou eventualmente nos almoços em restaurantes, onde é claro eu jamais peço o arroz integral.

“Ces’t la vie”.


Rodolfo S Cerveira

domingo, 18 de junho de 2017

A IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS VITÓRIAS NA VIDA DE UM SER HUMANINHO DIABÉTICO



Acredito que a grande maioria das pessoas foi ensinada e assim se acostumou a valorizar e a comemorar as grandes vitórias da vida, que é claro tem realmente um valor especial para cada um de nós, e dessa forma merecem uma comemoração de igual magnitude. Por outro lado, imagino ser bastante salutar aprender a dar a devida relevância as pequenas vitórias que alcançamos, pois como diz um velho e conhecido ditado, “para vencer a grande guerra da vida é preciso vencer a princípio as pequenas batalhas de cada dia, uma a uma”.


O verdadeiro significado da expressão “vencer na vida” é algo muito relativo e que depende primordialmente do contexto em que estamos inseridos, da origem e do modo de ser e de pensar de cada um de nós, ou seja, é algo que decorre em síntese de nossa carga genética, social e psíquica, e que também esta intimamente relacionada em grande parte ao meio em que vivemos e ao aprendizado que conseguimos agregar ao nosso SER, durante a nossa breve existência. Partindo desse pressuposto a noção de vitória e ou derrota é muito particular, própria de cada um de nós e extremamente subjetiva, mesmo levando em consideração a preconização que a sociedade de consumo em que vivemos nos impõe acerca do tema.


No decorrer de nossa vida nos deparamos com um número interminável de situações que precisam ser transpostas, resolvidas, e esse processo normalmente acaba nos proporcionando muita satisfação e orgulho, além de nos deixar com um sentimento bom de dever cumprido. Entretanto boa parte de nós não dá a devida relevância a certas realizações, que digamos a princípio parecem menores, ou de menor significado, mas que no fundo, se estivermos dispostos a encarar um verdadeiro exame de consciência, poderemos visualizar a grandeza que o referido fato tem na nossa breve passagem por essa vida. De certo que essa mensuração é muito particular, pois para cada um de nós ela tem um sentido particular, único e em função desse caráter tão específico é que ela assume um papel ainda mais representativo, pois ela pertence somente a um de nós e ninguém mas pode verdadeiramente alcançá-la, percebê-la na sua essência.


O que dizer então de nós os diabéticos, de nossas minúsculas vitórias, aquelas “cositas” aparentemente sem muita importância para a grande maioria dos mortais, mas que para nós são bastante significativas sim, pois são conseguidas a duríssimas penas, com muito esforço e resiliência, logo podem e devem ser comemoradas com um grande fervor, afinal como já citei em um post anterior deste blog, o doente crônico é um SER solitário em sua própria doença, ninguém consegue perceber a sua dor, como ele próprio. Então que nos seja delegado tudo o que temos direito, muitos Parabéns e vivas, por cada chocolate ou doce que deixemos de ingerir, por cada porção de carboidrato que consigamos reduzir em nossas refeições, por cada refrigerante (praga dos diabos, porém muito gostosa, se bem gelada) que deixemos de consumir durante os nossos esparsos momentos de prazer, por cada atividade física que demande um relativo gasto calórico, por deixar a inércia literalmente para trás em alguns momentos da vida e pelo esforço de torná-los cada vez mais frequentes, enfim por cada deslize que consigamos deixar de cometer nessa nossa incessante busca pelo equilíbrio da tão mal fadada taxa de glicose, de forma a atingir os almejados 90 -100 no visor do aparelhinho. Sejamos felizes irmãos diabéticos, comemorem sim as suas míseras, mas nem por isso menores vitórias e sigamos sempre em frente.



Rodolfo S Cerveira

domingo, 11 de junho de 2017

A FELICIDADE E SUAS DIVERSAS FACETAS



O que vem a ser FELICIDADE? O que faz você realmente feliz? O que você busca na vida? Qual a sua definição sobre vida feliz? São questões muito interessantes que nem sempre estamos realmente dispostos e em condições de respondê-las. Eu particularmente tenho uma definição bastante pragmática sobre o assunto, que é a seguinte: Felicidade plena, total, em todos os momentos só existe nas novelas, nos filmes, enfim na ficção, na realidade “crua e nua” em que vivemos, o que efetivamente existe são momentos felizes, momentos mágicos, carregados de encantamento que são únicos e finitos, pequenos clipes do grande filme que é a nossa existência. Dessa forma precisamos aprender a idendificá-los e principalmente não desperdiçá-los, sob pena de cairmos numa imensa “vala” de lamentações.


Os mais velhos costumam dizer que gastamos boa parte de nossa preciosa energia, de nossa essência, na busca de coisas, de objetos, de aspirações inegavelmente menores, quando o que realmente nos levará a transcender é a busca do imponderável, da felicidade em sua apresentação mais primitiva, do bem querer e do bem estar. Muitas são as escaramuças que alguns de nós criamos para fugir a essa realidade, a vida moderna tão corrida e impiedosa, por vezes recebe os créditos dessa praga contemporânea. Mas seria bastante salutar se o ser humano passasse a se preocupar um pouco mais com o COMO e bem menos com o QUANTO ele pode fazer e querer da vida.


O que diria um diabético acerca da felicidade, bem no meu caso eu profetizaria que a felicidade de um diabético deve ser menos doce, porém não menos deliciosa, pois há de se aprender a extrair o doce do amargo, e o amargo do doce, ou seja, não há nada na vida que seja tão doce que não possa ser apreciado integralmente, nem tão amargo que não possa ser devidamente harmonizado, mesmo para um segregado "ser humaninho diabético". Assim sendo o segredo do bem viver esta na busca do perfeito equilíbrio entre essas situações tão paradoxais, mas que são ao mesmo tempo tão complementares entre si.


Posso também afirmar que é uma extrema felicidade saber que a referida doença pode ser controlada, e no meu caso específico, mesmo contando com o auxílio de medicamentos, ela esta devidamente dentro dos parâmetros prescritos pelos meus médicos. Logo o que efetivamente tenho a reclamar, acredito que muito pouco ou quase nada, talvez um resquício de insatisfação da impossibilidade de comer um pouco mais de doces (em especial chocolates), mais carboidratos (minha paixão maior), enfim o fato é que já estou aprendendo, mesmo a “duras penas” a viver com essas restrições que me foram impostas.


Nestes últimos 30 dias, posso dizer que vivi muitos momentos muito felizes, momentos verdadeiramente valiosos, com os 03 eventos que compuseram a celebração de formatura da minha querida filhota (o Ato Ecumênico, a Festa e a cerimônia de formatura propriamente dita). Eventos que me encheram de orgulho e satisfação, e porque não dizer de extrema felicidade, afinal é mais uma etapa vencida, mais uma meta que fora estabelecida e que fora cumprida com toda a pompa e esmero. Pois a vitória de um filho é também a vitória dos seus pais. Parabéns filha amada. Felicidades na profissão que você escolheu.



Rodolfo S Cerveira

sábado, 3 de junho de 2017

O PODER DA LASANHA NAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS



A palavra lasanha provém da grega “lasanon” que significa pote de quarto. O termo foi depois emprestado pelos romanos como “lasanum” para significar pote de cozinhar. Os italianos usaram a palavra para definir o prato onde, hoje se sabe, era feita a Lasanha. Apesar de tradicionalmente se acreditar que a lasanha é um prato tipicamente originado na Itália, tem-se evidências de que há um prato muito similar conhecido como “loseyns” (lê-se lasan), comido na corte de Rei Ricardo II no século XIV. Esta receita também figurou no primeiro livro de receitas da Inglaterra. A lasanha foi primeiro documentada no século XIII, quando foi usado num prato às camadas, esta versão mais antiga não incluía tomate, pois este ainda não tinha sido descoberto pelos Europeus.  


Me desculpem a introdução recheada de história, mas esse blog também é, antes de tudo, informação e cultura. Brincadeiras à parte hoje é dia de lasanha, aquele prato tão simbólico, que tem “cara” de domingão, de comemoração, de dia de aniversário, de dia de receber visitas, enfim é algo especial que só lançamos mão em ocasiões igualmente especiais. Sua composição, os ingredientes, o jeito de fazer, de preparar variam conforme a origem das famílias, e com o processo acelerado de miscigenação dos povos desse país, inúmeras variações foram sendo acrescentadas a maneira de preparar a mesma.


Reconhecida no mundo todo, a tradição no Brasil da pasta fina que sai fumegante e gratinada do forno feita de folhas de massa fresca à base de farinha de trigo e ovos, intercaladas com molho normalmente à base de leite, farinha e manteiga, carne moída e lascas de queijo parmiggiano -reggiano, é muito arraigada e admirada por quase a totalidade da população, pois assim como o chocolate é difícil encontrar quem não goste de uma bela lasanha. Como todo clássico da gastronomia, ela ganha incontáveis versões. Pode levar vegetais, carne de aves desfiada, cogumelos, presunto, bacalhau, salmão e, hoje, pode até não levar carne e nem tomate, o que com certeza, deixaria os italianos mais tradicionalistas “de cabelo em pé.”


Na casa dos meus pais ela tinha uma “cara”, na casa da minha sogra outra, e na minha casa, a minha esposa impingiu uma nova formatação para a tão festejada lasanha. Todas muito saborosas e com ingredientes diferentes que lhes delegavam qualidades ímpares, traduzindo-se em um verdadeiro festival de sabores. Na grande maioria dos lares brasileiros é muito consumida aos domingos, e quase sempre é preparada na véspera ou mesmo na sexta feira, para não atrapalhar o descanso semanal da mãe, que em muitos casos é a cozinheira de todos os dias, e dessa forma acabou se tornando um prato de grande significação na vida das famílias brasileiras, mas um belo motivo para que as mesmas se reúnam ao redor da mesa.


Sempre fui um bom apreciador de uma bela lasanha, principalmente quando ela esta bem recheada de molho, carne moída e vinho. O macarrão pode até ficar em segundo plano, mesmo porque até antes de estar diabético eu já não abusava do mesmo, afinal a minha grande paixão sempre foi o espaguete, assim sendo em nenhum momento isso se tornou um grande sacrifício. E partir do “decreto” diabético sim, eu passei a diminuir ainda mais a ingestão do macarrão, por motivos óbvios, é claro. E depois os sábados e ou os domingos regados a lasanha em minha casa foram se espaçando, assim como tudo que representa alguma ameaça ao controle do meu diabetes. Fazer o quê, esse é o preço que pagamos por estarmos rodeados de pessoas que nos amam. Ainda bem!


Para terminar esse post, só mais um breve esclarecimento, na verdade os sábados são os dias em que algumas vezes temos lasanha para o almoço em minha casa, pois nos domingos normalmente vamos para a casa dos meus pais, onde vez por outra tem o que? LASANHA, no cardápio.



Rodolfo S Cerveira