domingo, 22 de julho de 2018

EM TEMPOS DE CRISE


O ser humano tem se esforçado substancialmente no sentido de promover o aprimoramento da teoria que diz que “O PIOR ÓDIO É O DOS OUTROS, E NÃO O SEU”. Na verdade, pode-se entendê-la como uma metáfora que para nosso infortúnio, pode ser aplicada a tudo e a todos, e a qualquer tempo, principalmente nos momentos de crise, seja qual for sua origem e magnitude. O brasileiro em particular, que vive uma intensa e profunda crise moral tanto no que tange ao indivíduo em particular, como se considerarmos o espectro do coletivo, da sociedade como um todo. Onde os valores intrínsecos de sua moral, estão sendo questionados, aviltados e até certo ponto mutilados impiedosamente.

No mundo de hoje, é muito comum observarmos pessoas que apontam o seu dedo acusador na direção dos políticos, empresários e demais pessoas envolvidas em transações espúrias, e defini-los sumariamente como, corruptos, ladrões, a pior escória da nossa sociedade, é algo muito fácil e banal, pois são eles SIM, os responsáveis pelo enorme ataque ao sagrado “RECURSO PÚBLICO”. Seriam estes tão distantes e dispares dos que os apontam, será isso uma verdade incontestável. De fato, é esse o sentido da mencionada teoria acima, ou seja, todos os que apontam o dedo, de alguma forma ou em algum momento acabam cometendo pequenos atos, que em sua essência são considerados sim, corrupções menores, mas ainda assim “corrupção nua e crua”, portanto em certo grau acabam igualando seus atos aos dos que foram apontados, afinal roubar um tostão não é o mesmo que roubar um milhão? A moral da história não é rigorosamente a mesma? E o que é ainda mais preocupante é que quase sempre nem se apercebem disso, se consideram indivíduos acima de qualquer suspeita, sem pecados.

Antes de correr o risco de provocar uma indignação total entre os que por acaso estiverem lendo este breve Post, vou citar alguns exemplos de como isso se dá: Quando alguém paga a um franelinha ou a um funcionário público para ter uma vantagem, seja qual for a proporção; quando alguém fura uma fila de um banco ou qualquer outro estabelecimento; quando o sujeito estaciona em uma vaga preferencial de idoso ou deficiente; quando alguém se beneficia da extensão das pensões dos militares ou de algum outro feudo do funcionalismo público, onde estas excrecências ainda existem; quando em uma simples controvérsia de trânsito, onde a maioria das pessoas considera sempre o outro, o culpado; até mesmo quando alguém deixa de exercer uma vontade sua como casar com o ser amado, porque se o fizer perderá o direito a uma pensão de seu pai, e nesse caso esta de fato se beneficiando de um direito legal, mas será que o aspecto moral não esta sendo aviltado, eis uma bela pergunta a ser respondida por todos.

A questão principal não é só atribuir ao outro a culpa de todos os seus males, de todo o mal que pesa sobre a humanidade, mas reconhecer que todos tem que participar dessa correção de rumos, ou seja, é uma mudança que tem que ser feita de dentro para fora, do indivíduo para os outros e para o mundo e não o inverso. Não adianta achar que o simples ato de votar melhor, com mais responsabilidade é a tábua de salvação dos nossos problemas, que só esse fato basta para mudar o estado de falência moral, a que estamos acometidos. É preciso assumir uma postura mais positiva acerca do que vem a ser o papel de cada um na sociedade. Portanto é nesses momentos de extrema vulnerabilidade que precisamos reconhecer e reafirmar nossas bases morais e psíquicas, para não sucumbirmos aos diversos ataques aos quais somos submetidos durante a nossa caminhada.

Para terminar devo ressaltar ainda que apesar deste espaço ter sido concebido para falar de assuntos relacionados ao diabetes, acredito ser muito proveitoso eventualmente abrir espaço para outros temas relevantes, que afinal fazem parte da vida de todos nós, e dessa forma, influenciam diretamente no desenrolar desta malfadada enfermidade.


Rodolfo S Cerveira