quarta-feira, 22 de novembro de 2017

AS DOENÇAS DO NOSSO TEMPO – DOENÇAS PSICOLÓGICAS


O dinamismo com que os fatos humanos passam por mutações através do tempo é verdadeiramente assustador, a velocidade é tamanha que é quase impossível o conhecimento humano e a ciência manterem-se atualizados em relação ao processo de transformação dos mesmos. Portanto em muitos campos da atividade humana a defasagem é considerável, andando sempre a reboque dessas novas manifestações, e dessa forma acaba gerando problemas bem “caros” à sociedade.


Há 10, 15 anos atrás um dos principais focos da pesquisa médica eram as doenças advindas das más posturas físicas durante as atividades do trabalho, seja ele repetitivo ou não, e também englobavam as demais atividades humanas que envolviam posturas prejudiciais ao corpo humano, como por exemplo as doenças da coluna vertebral que eram provocadas pelo excesso de tempo sentado ou deitado, ou mesmo as doenças relacionadas aos esforços repetitivos tão próprios a algumas atividades muito comuns, tais como jogos eletrônicos, videogames portáteis, celulares, itens tão presentes na vida das gerações contemporâneas.


O grande vilão do momento em que vivemos é o crescimento acelerado do número de casos de doenças psicológicas que estão intimamente relacionadas ao alto grau de ansiedade do mundo moderno, caracterizado por muitas dificuldades socioeconômicas e financeiras, pela desesperança com o presente e consequentemente com o futuro também, insuficiente oferta de trabalho, insegurança pública, só para citar alguns poucos fatores. São doenças da alma e do espírito – e com certeza isso é só uma questão de nomenclatura – que de uma forma ou de outra acabam provocando efeitos e ou danos físicos muito graves. Transtorno de ansiedade, depressão clínica, aneroxia, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno bipolar e síndrome do pânico, são alguns exemplos do arsenal de moléstias que assolam o homem moderno.


Um dado assustador é o aparecimento da depressão em um grande número de jovens, muitas vezes em adolescentes e até mesmo em crianças. Ainda mais preocupante é o fato de que a grande maioria dos pais, tios e demais parentes mais velhos, ou melhor, a maior parcela da sociedade ainda não tem consciência da gravidade e da extensão da doença, do grau de comprometimento que ela pode ter e portanto, o quão importante é despertar para essa realidade, o quanto antes, pois do contrário os danos poderão ser catastróficos e irreversíveis.


Como tudo na vida há sempre os dois “lados da moeda”, pois lembro que há mais de 15 anos me deparei com uma pessoa que tinha fobia de elevador, ou seja, ela não entrava sozinha de forma alguma em um elevador. A princípio isso me pareceu meio absurdo, exagerado, mas como sempre procurei respeitar o limite de cada pessoa, me contive e evidentemente procurei não externei o meu espanto com o fato em si. Com o passar do tempo e após adquirir algum conhecimento de causa sobre esse universo, consegui ter um outro olhar sobre a questão, o olhar de quem esta inserido no mesmo, pois além de diabético descobri que sou portador da síndrome de pânico e devo confessar que tenho uma relativa história de episódios em que ela se manifestou e que felizmente consegui mantê-la sob controle, algumas vezes com mais outras com menos esforço, e sempre com a preciosa ajuda da minha racionalidade conjugada a minha religiosidade, por mais paradoxal que isso possa parecer, para mim tem funcionado a contento. Mas uma coisa que já aprendi sobre essa síndrome é que cada pessoa precisa achar o seu próprio caminho, a sua maneira particular de sair da crise, de vencê-la e seguir em frente. Não quero dizer com isso que é fácil, absolutamente não é, mas é algo que precisa ser feito, além é claro de buscar toda a ajuda profissional possível que esteja ao seu alcance, afinal trata-se de recuperar o seu bem-estar, a sua saúde mental.


Resolvi escrever sobre o assunto e até mesmo expor o meu caso em particular, com a finalidade de tentar provocar nas pessoas a reflexão sobre a relevância do tema, pois trata-se de uma doença com um alto grau de complexidade e que precisa de uma maior atenção da sociedade para que não acabe por se tornar numa verdadeira epidemia dos tempos modernos. É imprescindível que a comunidade mundial conheça melhor suas causas, seus efeitos, seus tratamentos e acima de tudo tenha a capacidade de se despir de seus dogmas e preconceitos, afinal Síndrome de Pânico, fobia, depressão e etc..., NÃO É FRESCURA, NÃO, como infelizmente ainda existem alguns acéfalos que bradam por aí. Vamos acordar, “povo”.



Rodolfo S Cerveira

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

SER OU NÃO SER UMA PCD


Desde o dia em que mantive o primeiro contato com as teorias de Albert Eisntein pude perceber o grau de abrangência que as mesmas têm na minha e na vida das pessoas em geral. Nesta resenha vou manter o meu foco na teoria geral da relatividade, que basicamente apregoa que tudo no mundo e na vida depende do referencial de quem olha, sente ou mesmo da posição em que se encontra, em relação a um determinado fato ou situação.


Há pouco mais de dois anos tomei conhecimento pela internet de uma lei federal que dá direito aos portadores de PCD (Pessoa com Deficiência), a uma isenção de impostos na ordem de 27%, para a aquisição de um automóvel 0km. Realmente algo bem interessante, principalmente nesses tempos tão difíceis que vivemos. Para minha surpresa verifiquei que dentre as enfermidades listadas na referida lei, não está o DIABETES, o que me pareceu lógico afinal dificilmente essa doença está diretamente relacionada a problemas de locomoção, todavia pude comprovar que a minha malfada HERNIA DE DISCO fazia parte da referida lista. Portanto segundo a LEI, eu tenho direito ao referido benefício. De certo que não considero isso uma notícia de todo BOA, afinal bom mesmo seria não ter a “mardita” enfermidade, mas como não há maneira de mudar essa realidade, então vamos pensar em usufruir dessa “benesse”, afinal acredito ser essa a única coisa positiva de ser portador da enfermidade, pelo menos por aqui no país do Futebol.


Nesse momento lembrei-me claramente das palavras do meu médico neurologista, há aproximadamente 10 anos atrás, quando me repassou o fatídico diagnóstico (“Sua hérnia é relativamente grande e se você não se cuidar, e bem, provavelmente ela vai te causar muito sofrimento, pois se hoje isso ainda não acontece é em função da sua vida pregressa, pois você foi um atleta, e acumulou uma reserva estrutural na sua coluna, mas se os cuidados (exercícios específicos e alongamentos) não foram mantidos regularmente, essa reserva deverá se esgotar e com o passar do tempo “a coisa vai pegar”). Em função do crescimento da fama e da clientela do referido profissional, acabei deixando de frequentar o seu consultório, e para ser bem sincero o de qualquer outro médico dessa especialidade também. O que é uma grande irresponsabilidade da minha parte, devo admitir. Mas para o meu infortúnio, a cada dia que passa estou comprovando o quanto ele é competente e o quanto as palavras proferidas naquele momento carregam de verdade.


Coincidentemente um dos meus projetos de vida atual é um canal do Youtube, intitulado ARQUITETURA AO ALCANCE DE TODOS, onde forneço algumas dicas básicas inteiramente gratuitas sobre os diversos assuntos relacionados a minha profissão de ARQUITETO e até mesmo da engenharia civil em geral. E não menos curioso, é o fato de que o foco atual do canal é uma série de vídeos sobre acessibilidade para as pessoas com algum tipo de deficiência física ou visual e ou pessoas com mobilidade reduzida. Na verdade é uma pequena amostra do trabalho que pretendo realizar nessa área tão carente de informações e de atenção das pessoas que por lei teriam a obrigação de zelar pelo compromisso de tornar o mundo um pouco mais igualitário.


A grande ironia disso tudo é que até ontem, quando vi no título de um vídeo do Youtube, que fazia menção a uma versão especial de um automóvel destinado ao público PCD, não tinha me dado conta da abrangência e da aplicabilidade do termo PCD (Pessoa com Deficiência) e nem muito menos que de uma forma meio “torta” acabei me vendo inserido nesse universo no momento em que acreditei ser um potencial beneficiário da isenção anteriormente mencionada nesta breve resenha, algo que para mim é bastante surreal. Dessa forma passei a me questionar se realmente sou uma PCD, pois não é assim que me enxergo e ou me percebo. Entretanto para ser bem honesto a resposta mais apropriada a essa pergunta é NÃO, pois não sou portador de nenhuma enfermidade que assim me defina, por outro lado levando em consideração os novos conceitos sobre o assunto, posso ser enquadrado na condição de pessoa com mobilidade reduzida na medida em que em função da ação devastadora da hernia de disco na minha vida, passei a ter algumas restrições para desenvolver as minhas atividades rotineiras ou não, principalmente as que dependem do aparelho locomotor. Logo no “frigir dos ovos”, sou sim um candidato a esse desconto, o que me torna efetivamente uma PCD?. Isso é muito louco, você não acha?



Rodolfo S Cerveira