O dinamismo com que os fatos
humanos passam por mutações através do tempo é verdadeiramente assustador, a
velocidade é tamanha que é quase impossível o conhecimento humano e a ciência
manterem-se atualizados em relação ao processo de transformação dos mesmos.
Portanto em muitos campos da atividade humana a defasagem é considerável,
andando sempre a reboque dessas novas manifestações, e dessa forma acaba
gerando problemas bem “caros” à sociedade.
Há 10, 15 anos atrás um dos principais
focos da pesquisa médica eram as doenças advindas das más posturas físicas durante
as atividades do trabalho, seja ele repetitivo ou não, e também englobavam as
demais atividades humanas que envolviam posturas prejudiciais ao corpo humano,
como por exemplo as doenças da coluna vertebral que eram provocadas pelo
excesso de tempo sentado ou deitado, ou mesmo as doenças relacionadas aos
esforços repetitivos tão próprios a algumas atividades muito comuns, tais como
jogos eletrônicos, videogames portáteis, celulares, itens tão presentes na vida
das gerações contemporâneas.
O grande vilão do momento em
que vivemos é o crescimento acelerado do número de casos de doenças psicológicas
que estão intimamente relacionadas ao alto grau de ansiedade do mundo moderno,
caracterizado por muitas dificuldades socioeconômicas e financeiras, pela
desesperança com o presente e consequentemente com o futuro também,
insuficiente oferta de trabalho, insegurança pública, só para citar alguns
poucos fatores. São doenças da alma e do espírito – e com certeza isso é só uma
questão de nomenclatura – que de uma forma ou de outra acabam provocando
efeitos e ou danos físicos muito graves. Transtorno de ansiedade, depressão
clínica, aneroxia, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno bipolar e
síndrome do pânico, são alguns exemplos do arsenal de moléstias que assolam o
homem moderno.
Um dado assustador é o
aparecimento da depressão em um grande número de jovens, muitas vezes em
adolescentes e até mesmo em crianças. Ainda mais preocupante é o fato de que a
grande maioria dos pais, tios e demais parentes mais velhos, ou melhor, a maior
parcela da sociedade ainda não tem consciência da gravidade e da extensão da
doença, do grau de comprometimento que ela pode ter e portanto, o quão
importante é despertar para essa realidade, o quanto antes, pois do contrário
os danos poderão ser catastróficos e irreversíveis.
Como tudo na vida há sempre
os dois “lados da moeda”, pois lembro que há mais de 15 anos me deparei com uma
pessoa que tinha fobia de elevador, ou seja, ela não entrava sozinha de forma
alguma em um elevador. A princípio isso me pareceu meio absurdo, exagerado, mas
como sempre procurei respeitar o limite de cada pessoa, me contive e
evidentemente procurei não externei o meu espanto com o fato em si. Com o
passar do tempo e após adquirir algum conhecimento de causa sobre esse universo,
consegui ter um outro olhar sobre a questão, o olhar de quem esta inserido no
mesmo, pois além de diabético descobri que sou portador da síndrome de pânico e
devo confessar que tenho uma relativa história de episódios em que ela se
manifestou e que felizmente consegui mantê-la sob controle, algumas vezes com
mais outras com menos esforço, e sempre com a preciosa ajuda da minha
racionalidade conjugada a minha religiosidade, por mais paradoxal que isso
possa parecer, para mim tem funcionado a contento. Mas uma coisa que já aprendi
sobre essa síndrome é que cada pessoa precisa achar o seu próprio caminho, a
sua maneira particular de sair da crise, de vencê-la e seguir em frente. Não
quero dizer com isso que é fácil, absolutamente não é, mas é algo que precisa
ser feito, além é claro de buscar toda a ajuda profissional possível que esteja
ao seu alcance, afinal trata-se de recuperar o seu bem-estar, a sua saúde
mental.
Resolvi escrever sobre o
assunto e até mesmo expor o meu caso em particular, com a finalidade de tentar provocar
nas pessoas a reflexão sobre a relevância do tema, pois trata-se de uma doença
com um alto grau de complexidade e que precisa de uma maior atenção da
sociedade para que não acabe por se tornar numa verdadeira epidemia dos tempos
modernos. É imprescindível que a comunidade mundial conheça melhor suas causas,
seus efeitos, seus tratamentos e acima de tudo tenha a capacidade de se despir
de seus dogmas e preconceitos, afinal Síndrome de Pânico, fobia, depressão e
etc..., NÃO É FRESCURA, NÃO, como infelizmente ainda existem alguns acéfalos que
bradam por aí. Vamos acordar, “povo”.
Rodolfo S Cerveira